O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou nesta segunda-feira (12) a repressão do governo cubano às manifestações no país no domingo (11), quando milhares de pessoas foram às ruas para expressar frustração por meses de crise, restrições devido à Covid e queixas de falta de apoio estatal.
"Foram pedir, além de alimentos, eletricidade. Foram pedir... Pediram mais uma coisa. Por último, em quarto lugar, pediram liberdade. Sabe o que eles tiveram ontem? Borrachada, pancada e prisão", afirmou o presidente brasileiro a seus apoiadores no Palácio da Alvorada. A interação foi registrada e exibida por um canal bolsonarista na internet.
Em um discurso exibido em rede nacional, o dirigente do país e primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, Miguel Díaz-Canel, acusou os Estados Unidos de serem responsáveis pelos atos. "Estamos convocando todos os revolucionários do país, todos os comunistas, a irem às ruas onde existirem esforços para produzir essas provocações", disse Díaz-Canel.
Nesta segunda, Joe Biden, presidente dos EUA, respondeu. "Estamos com o povo cubano e com seu claro chamado à liberdade. Os Estados Unidos pedem ao regime cubano que, em vez de enriquecerem, escute ao seu povo e atenda às suas necessidades", disse Biden, em comunicado.
No fim da tarde de domingo, jipes das forças especiais, equipados com metralhadoras, circularam por Havana. Milhares de pessoas se reuniram no centro da cidade e ao longo da estrada que beira o mar, e houve alguns episódios de tumulto, com prisões e brigas. Vídeos nas redes sociais mostram centenas de moradores entoando slogans contra o governo e exigindo vacinas contra o coronavírus e o fim de apagões diários.
Os atos aconteceram em um dia em que Cuba registrou um novo recorde diário de infecções e mortes pelo coronavírus, com 6.923 casos notificados de um total de 238.491, além de 47 mortes em 24 horas, somando, ao todo, desde o início da crise sanitária, 1.537 mortes.
A ilha caribenha passa por uma profunda crise econômica intensificada pela pandemia de coronavírus e pelo fortalecimento do embargo que os EUA mantêm ao país há 60 anos –ambos impactam o turismo, principal fonte de renda. No ano passado, durante a crise da Covid, cidades turísticas se esvaziaram.
Bolsonaro aproveitou a repressão em Cuba para alimentar seu discurso político do fantasma comunista que, segundo ele, assombra o Brasil. Atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro reiteradamente relaciona uma eventual volta do PT ao poder à instalação do comunismo no Brasil.
"O dia de ontem foi um dia muito triste dado o que aconteceu em Cuba. Muita gente acha que a gente nunca vai chegar lá, nunca vai chegar a Venezuela, que a gente vai ter problemas como estão tendo com outros países por aqui", afirmou aos apoiadores.
"Tem gente aqui no Brasil que apoia quem apoia Cuba, que apoia Venezuela. Gente que várias vezes foi para Cuba tomar champanha [sic] com Fidel Castro ou foi para a Venezuela tomar uísque com [Nicolás] Maduro. E tem gente aqui que apoia este tipo de gente. É sinal que eles estão querendo viver como os cubanos, como os venezuelanos", insistiu Bolsonaro.
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