A convenção Nacional do Patriota decidiu, por unanimidade, afastar o presidente da sigla, Adilson Barroso, por 90 dias --o que pode complicar a pretensão de Jair Bolsonaro de se lançar à reeleição pelo partido. Isso porque Barroso foi afastado justamente por promover mudanças e negociar individualmente a vinda da família do presidente, sem ouvir a maioria dos dirigentes do diretório nacional.
O martelo foi batido em reunião que aconteceu em Brasília nesta quinta-feira (24). Quem assume no lugar de Barroso é o vice-presidente do Patriota, Ovasco Resende, que se opôs às mudanças promovidas com intuito de abrigar Bolsonaro.
“Sempre dissemos que o presidente Adilson fez uma série de irregularidades, que tratou de convenção atrás de convenção”, afirmou Jorcelino Braga, secretário-geral do Patriota, em entrevista coletiva dada após a reunião.
Adilson promoveu recentemente uma série de convenções, que segundo Ovasco não contaram com a maioria dos integrantes da legenda. Inclusive a reunião na qual o senador Flávio Bolsonaro anunciou sua filiação ao Patriota. Apesar do imbróglio, os membros do partido não descartam a vinda de Bolsonaro para disputar a eleição.
“Decisões monocráticas não cabem mais nesse século 21. Oligarquias também não cabem mais. E o que foi feito pelo presidente (Barroso) é regressão, retornar aos idos do império. Isso não pode existir”, disse Ovasco Resende. “Hoje o partido está aberto, inclusive a receber outras candidaturas à presidência. Se for a reeleição do presidente, sem problema, desde que atenda aos critérios”, completou.
Foi decidido na convenção desta quinta que será formada uma comissão para tratar do assunto “presidência da República”, constituída por seis membros da legenda. “O que queremos é sentar à mesa para ver em quais condições ele (Bolsonaro) quer vir para o partido. O que ele está exigindo, que projeto que tem. Esperamos isso por meses. Isso nunca foi tratado conosco. Isso foi tratado individualmente pelo Adilson, com a família Bolsonaro, sem tratar com o conselho político. Ele é bem vindo ao partido. O que somos contra é a forma como as coisas foram conduzidas”, explicou Braga.
Nem Adilson Barroso, nem o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) estiveram presentes na convenção. Em nota enviada à CNN, o filho do presidente disse que a reunião foi convocada por uma “ala minoritária” que “não entendeu a magnitude da chegada de um presidente da República ao Partido”.
“Convenção ilegal convocada por eles, sem previsão no estatuto e que é um verdadeiro tiro na cabeça deles mesmos. Fui para o Patriota antes de todo mundo para arrumar a casa e é o que vamos fazer”, disse Flávio.
Procurado pela CNN, Adilson Barroso ainda não se manifestou.
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