O caminho que liga Exu, Terra de Luiz Gonzaga ao Crato, lugar onde nasceu Padre Cícero é a via das escolhas, das encruzilhadas, da fé, misticismo, trabalho e dons.
As paisagens agem e ardem em eco. Quais mãos trabalharam na confecção desse origami? Nesta planície sem fim de cores e sons nasceu, exatamente na divisa do Exu/Crato, na Serra do Araripe, no dia 5 de junho de de 1942, Dijesus Evaristo de Oliveira.
A história conta que para conseguir o primeiro instrumento, uma sanfona teve que trabalhar muito no roçado. A idade entre 8 e 16 anos. A inspiração veio da tradição familiar todos apaixonados por sanfona, roda de coco e quase vidência mística dos benzedores que vivem escutando em cada galho de flor uma música.
O mundo musical e o respeito pelo ritmo sertanejo que não pode negar a raiz de Luiz Gonzaga e a rebeldia revolucionária de Barbara de Alencar, o chamam Dijesus Sanfoneiro. Filho de Evaristo Antônio de Oliveira e Maria Clara de Jesus. São 79 anos de muito trabalho e respeito pelo som, ritmo, harmonia e melodia. Compositor e cantor e poeta Dijesus Sanfoneiro já gravou 6 CdS.
A grandeza humana de Dijesus para os amigos é recíproca a sua humildade. Simplicidade que garante a admiração de amigos e pesquisadores. Dijesus é um dos poucos que desfrutou dos bons dias e boas noites do rei do baião, Luiz Gonzaga.
Apertar a mão do Rei foi um presente para Dijesus que começou tocando forró nos terreiros de chão de barro batido e também nas poeiras sertanejas, qual diz a canção, no sol e chuva, vida de viajante sanfoneiro tocador de forró e baião.
No próximo domingo, dia 13 de junho Dijesus Sanfoneiro fará uma live em família, com participações especiais, às 16hs. A transmissão será no Canal Benilton Gravações.
Dijesus todos os anos é presença certa nos festejos de nascimento de Luiz Gonzaga, no Parque Aza Branca, dia 13 dezembro e na festa da saudade, realizada no mês de agosto, data 2 de agosto dia da morte do Rei do Baião.
Dijesus está entre aqueles que traduzem o sentimento maior da sanfona, a capacidade de fazer amigos. Afinal, a sanfona Fascina pela sua sonoridade, pela diversidade de modelos e gêneros, mas seu encanto transcende o poder da música, porque desperta um afeto misterioso. Talvez pelo fato de ficar junto ao coração do sanfoneiro, ou, quem sabe, por ser um instrumento que é abraçado ao se tocar. Ou ainda, por ser um instrumento que respira. O fato é que a sanfona une as pessoas e é amada por todos os povos.
Na referência de Dijesus, imagina um sanfoneiro que possui no registo, o nome da mãe: Maria Clara de Jesus. O caminho de Dijesus é iluminado qual o Sete Estrelo numa noite de lua cheia. O Sete-estrelo é um conjunto de sete estrelas que viajam no espaço numa mesma direção e numa mesma velocidade. Na bíblia consta: "procurai o que faz o Sete-estrelo e o Órion...é poderoso para fazer brotar das trevas o raiar do dia, e transformar o dia claro em noite escura; que chama as águas do mar e as espalha como deseja sobre a face da terra...Senhor é o seu nome".
Várias de suas músicas, sucessos foram gravados na voz de Flávio José, Joãozinho de Exu, Zezinho Barros e Joquinha Gonzaga, neto de Januário e Sobrinho de Luiz Gonzaga.
Sonho e Saudade é uma das mais tocadas nos festejos juninos. Confira letra:
Sonhei com Gonzaga tocando
sanfona sentado no trono do céu
Quando seu Januário e Santana chegavam
Gonzaga parava e tirava o chapéu
e dizia meu Deus que beleza
meu pai que surpresa, não vou suportar
Disse o velho:meu filho,você me ajudava
Mas hoje aqui é que eu vou lhe ajudar
Januário aquele véi macho
Pegou os 8 baixos mandou o forró
E são joão e são pedro,e são gabriel
Disseram: o céu tá ficando melhor
Severino que nunca foi mole
Arrastou o fole banhado de ouro
Foi aí que Santana e seu Januário
Os dois se abraçaram e caíram no choro
Gonzaguinha chegava animado
Num carro importado, bonito que só
Querendo levar a família pra casa
Pensando que estava no fim do forró
Foi o sonho melhor que já tive
Na vida sofrida que sempre levei
Mas quando pensei que era pura verdade
Meu deus que saudade, eu acordei.
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