Já não é de hoje que a pauta ambiental ganhou relevância nos últimos debates globais. Com o Brasil se destacando negativamente, com altos níveis de desmatamento, a pressão pela implementação de uma agenda mais sustentável cresce.
Nesse contexto, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já se mostrou mais aberta à chamada agricultura sustentável, com a China, um dos principais parceiros comerciais e maiores compradores dos produtos agrícolas brasileiros, também indicando essa adesão em sua agenda.
“Fico muito feliz com essa mudança da China, porque é a realidade do mundo. Todos estão perseguindo esse caminho de que nós precisamos ter uma agricultura com mais sustentabilidade, principalmente na questão ambiental, mas também na questão social e econômica”, afirma o professor Ricardo Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, lamentando que essa tendência chegue ao Brasil por pressão externa. A implementação da agricultura sustentável teria diversas vantagens, indo desde ganhos ambientais até ganhos na produção agrícola, com novos serviços ecossistêmicos, como ação de polinizadores e ampliação de recursos hídricos.
O professor Rodrigues relata que o Brasil “é um país que tem uma vocação agrícola. Ele tem uma responsabilidade na produção de alimentos para o mundo absurdamente grande”. Na configuração interna da área destinada ao setor agrícola do Brasil, a maioria encontra-se utilizada pela pecuária, a qual conta com uma baixa produtividade de forma geral, segundo o professor. “Se nós mantivermos a mesma quantidade de gado que nós temos hoje e tivermos uma política pública de tecnificação da pecuária brasileira, nós conseguimos liberar 34 milhões de hectares para serem usados para outras culturas, mantendo a mesma quantidade de gado, mas agora com alta produtividade.” Como resultado, o Brasil conseguiria conter os níveis de desmatamento ao mesmo tempo em que desenvolve tecnicamente a produção agropecuária.
Através de um modelo de implementação científica no campo, os proprietários poderiam usar melhor a terra, disponibilizando algumas áreas para o cumprimento da legislação ambiental, inclusive respeitando os limites de preservação.
“O que nós precisamos no Brasil é efetivamente uma boa gestão agrícola. A ministra tem técnicos capacitados para isso. O que eu entendo que precisa agora é de uma boa vontade do Executivo federal.”
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