Exército alega 'informação pessoal' e impõe sigilo de até 100 anos a processo que absolveu Pazuello

08 de Jun / 2021 às 15h13 | Política

O Exército decidiu impor um sigilo de até cem anos ao processo disciplinar que resultou na absolvição do general da ativa Eduardo Pazuello. A manifestação da Força a favor de deixar o procedimento em segredo por até um século foi feita na segunda-feira (7).

O ex-ministro da Saúde participou de um ato político no último dia 23: ele subiu a um palanque onde estava Jair Bolsonaro e fez um discurso exaltando o presidente, após um passeio de moto com apoiadores no Rio de Janeiro.

Pazuello conseguiu se livrar de qualquer punição, apesar das evidências de transgressão disciplinar.

A vedação de participação em atos políticos, existente para militares da ativa, está prevista no regulamento disciplinar do Exército, vigente por decreto desde 2002, e no Estatuto dos Militares, uma lei em vigor desde 1980.

A decisão de não punir Pazuello foi do comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Ele cedeu à pressão de Bolsonaro, que agiu para que o aliado não fosse punido.

A costura da absolvição passou pelo gabinete do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto. Depois do episódio, Pazuello ganhou um cargo no Palácio do Planalto.

Ele é desde o dia 1º secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos, vinculada à Presidência da República. O general da ativa despacha no Planalto.

Por meio da Lei de Acesso à Informação, pedidos foram direcionados ao comando do Exército para que fosse dada transparência tanto à defesa por escrito de Pazuello quanto a andamentos do processo disciplinar instaurado pelo comandante da Força.

Um dos pedidos foi formulado pelo jornal O Globo, que divulgou a informação nesta terça-feira.

O Exército decidiu negar o fornecimento dos documentos. "A documentação solicitada é de acesso restrito aos agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que ela se referir", afirmou.

A Força, então, argumentou que o caso se enquadra no trecho da Lei de Acesso à Informação que trata de informações pessoais, mesmo tendo se tratado de um evento político público, com farta divulgação nas redes sociais do presidente da República.

Folha Press e O Globo

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