Foi lançada ontem (1), a campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”. O objetivo é conscientizar a população sobre a preservação do rio e mobilizar todos pelo uso responsável dos seus recursos hídricos.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco promoveu na tarde desta terça-feira (01), uma coletiva de imprensa com os jornalistas de toda a bacia. O encontro foi realizado por videoconferência e teve o objetivo de apresentar a identidade visual da campanha deste ano e as ações que serão realizadas ao longo de todo o mês de junho.
O jornalista Ney Vital, representou a REDEGN e questionou sobre os riscos que o Rio São Francisco sofre com a proposta do Governo Federal de instalar uma Usina Nuclear com o uso das águas do Velho Chico, na localidade de Itacuruba, Pernambuco. Ney Vital é aluno do Curso de Agroecologia do Centro Territorial de Educação do São Francisco.
O grande número de esgotos em Juazeiro e Petrolina, jogados diretamente no Velho Chico também teve destaque durante a coletiva de imprensa.
“Não temos o poder de fiscalizar. Mas todo cidadão pode denunciar as prefeituras este crime que e jogar esgoto diretamento no Rio São Francisco. Em relação a instalação da Usina Nuclear é um risco sim e real. Enquanto na Alemanha estão excluindo essa ideia, aqui no Brasil querem investir. Nosso país não possui estrutura para isso e corremos grandes riscos com a possível implantação da usina nuclear. Precisaremos nos aprofundar futuramente sobre esse assunto”.
Este ano de 2021, com o mote VELHO CHICO PARA TODOS, a campanha tem como foco os usos múltiplos do Velho Chico e da necessidade de se concretizar o Pacto das Águas na bacia do São Francisco. “As águas do rio São Francisco, bem como seus reservatórios, estão vocacionadas para os usos múltiplos, e não só para a geração de energia. Queremos sinalizar, com essa campanha, que todos aqueles que se beneficiam das águas sanfranciscanas devem ter compromisso com a sua preservação e com a saúde do seu ecossistema” destaca o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda.
Os usos múltiplos abrangem abastecimento público, agricultura, indústria, geração de energia, navegação, pesca e aquicultura, turismo e recreação, entre outros. A diversidade de setores usuários provoca uma série de impactos – positivos e negativos – entre as diferentes atividades, o que resulta em interações complexas.
Por conta de todas essas diferenças, o múltiplo uso não é uma questão consensual. Divergências e conflitos avançam à medida que aumentam a demanda e a escassez de recursos. O único consenso é que se trata de um tema que merece ser amplamente discutido pelos diferentes setores e a sociedade como um todo. Por isso, o CBH São Francisco vem elaborando estudos e realizando discussões para a concretização de um Pacto das Águas para a bacia do Velho Chico. O Pacto das Águas deve prever ações coordenadas que levem à distribuição harmônica das águas aos seus usos múltiplos, evitando conflitos e garantindo água de qualidade e em quantidade para todos.
O CBHSF continua seguindo as recomendações das autoridades de saúde, e para evitar aglomeração de pessoas, utilizará a mídia para a disseminação da campanha, por meio de podcasts, spots para rádio, VTs para veiculação em televisão e na web, além das redes sociais.
“Este é um momento de conscientização geral para defender o rio de forma muito concreta, lutando pela restauração de suas matas ciliares, pela recarga de aquíferos, pela defesa e proteção das nascentes, contra o processo de contaminação de suas águas por agrotóxicos e pelo lançamento de esgotos“, explica Anivaldo. E completa: “Devemos tirar de fato da gaveta o programa de revitalização e mobilizar todos para que os instrumentos de gestão sejam universalizados na bacia do São Francisco.“
Participaram do evento Paulo Vilela - coordenador de comunicação da campanha, Márcio Tadeu Pedrosa – membro do Comitê e da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Mariana Salazar – Assessora de Comunicação do CBHSF, Jaquelyne Fonseca – Coordenadora Técnica da Agência Peixe Vivo e a professora Yvonilde Medeiros – pesquisadora da UFBA e jornalista Juciana Cavalcante.
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