Jean Jean Rêgo da Rádio Juazeiro. Não teremos mais esta chamada sonora, que dava credibilidade as notícias policias ao não utilizar do expediente do sensacionalismo.
Das piadas e causos do Alvorada Nordestina logo cedinho. Das tiradas de Dr Lindolfo Borges, das pegadinhas sensacionais de telefonemas a figuras do cotidiano juazeirense . Jean das chamadas dos boletins de urnas e resultados eleitorais. Jean amigo, sincero, dengoso quando a gente ficava sem se falar.
Conheci Jean Rêgo desde criança. Nossas famílias sempre foram próximas. Seus irmãos, quatro deles, foram meus professores. Acho que é o único que não seguiu no magistério. De uns anos pra cá, uma das grandes satisfações profissionais foi trabalhar com Jean, seja na produção de roteiro para programa de rádio, spot publicitário e também na partilha profissional, compartilhando juntos o conhecimento técnico, as novidades e a sua vivência de mais de 20 anos na comunicação radiofônica. Jean é daqueles amigos que nos ligam para tirar dúvidas, ou de técnica jornalística ou de português. É também o amigo que eu mando meus artigos, crônicas antes de publicá-los para ele ler e oferecer a sua opinião. Era o amigo que confiava no trabalho coletivo e, generoso, dizia: você tem que ir para o rádio.
Profissional reconhecido pelo público juazeirense, Jean é o radialista que Neide, amiga e trabalhadora doméstica da casa da minha mãe, era fã e se emocionava quando eu a colocava para participar junto com ele ao telefone. Depois ele me dizia: faça isso não, pois eu fico bestinha e nem sei retribuir.
Jean Rego foi vítima da Covid-19 e do descaso de um governo federal incompetente, inoperante, que pratica uma necropolítica. Uma gestão que lava as mãos: que deseja que a gente morra! Eu lamento que estejamos passando por isto. Ver a inoperância e a morte de amigos e desconhecidos tem despertado sentimentos ruins, incomuns ao que prego e pratico. Não está sendo fácil lidar com gente que apoia e “autoriza” este massacre que Bolsonaro faz com as famílias do Brasil. Eu espero e peço, novamente, que reflitam da importância de termos políticas públicas e que a vacina seja um direito a nossa vida.
Além de radialista, Jean era um filho amoroso, cuidador da sua mãe, que também teve a Covid, mas já tinha sido vacinada. Mesmo idosa, esta resistindo bem no enfrentamento a está doença terrível. Mas o que mais nos causa indignação é saber que Jean, assim como tantos brasileiros e brasileiras, já poderiam ter sido vacinadas, pois já está provado, a partir dos depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que o presidente da República e sua desastrosa e criminosa equipe optaram por não comprar vacinas para a nação. Se a vacinação tivesse começado em novembro/dezembro, mais da metade da população já estaria imunizada e com o organismo pronto para enfrentar este mal.
Estou chorando a morte de um grande amigo. Amigo que tinha medo de morrer justo de Covid-19. Se ele tivesse sido vacinado, poderia se recuperar dessa doença e estaria junto conosco para nos alegrar por muitos anos com seu humor e tiradas de Dr. Lindolfo Borges e tantos personagens criados para o Rádio. Em uma tentativa perene de extirpar essa dor e raiva que sinto ao lembrar de tudo aquilo que já narrei aqui, digo Chega! Que tenhamos direito a viver, a ter saúde e vacina para todos.
Jean Rêgo, presente!
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.