A ONG Giral - Desenvolvimento Humano e Local promove até sexta-feira (21), uma semana de programação para marcar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes, lembrado nesta terça-feira (18). A programação se propõe a discutir o tema com crianças, adolescentes, educadores, especialistas e famílias.
“A gente acredita, de verdade, que a educação é a melhor forma de proteger crianças e adolescentes da violência. Se sabem quais são seus direitos, inclusive sobre seus corpos, terão como identificar caso sofram algum abuso, por exemplo, e saberão que podem e devem buscar ajuda. Durante todo o mês de maio, nossas redes sociais estarão focadas em disseminar orientações sobre esse tema, com vídeos, textos e posts educativos.”, diz o presidente da Giral, Leonildo Moura.
O 18 de maio relembra o dia do assassinato da menina Araceli Crespo, em 1973, em Vitória (ES). Araceli foi brutalmente morta aos 8 anos de idade e o crime segue, até hoje, sem pena aos envolvidos.
Programação | Tema: Abuso virtual
18 e 20/5: Palestras para formação e orientação familiar sobre abuso e exploração sexual infantil
19/5: Live com especialistas das áreas jurídicas e digital
21/5: Live com a Rede Municipal de Proteção à Infância
Os encontros serão transmitidos no perfil do Instagram e canal do YouTube da Giral.
Rede de proteção
A Giral lidera, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, a criação e fortalecimento da Rede de Proteção à Infância e à Adolescência, iniciativa que agrega pelo menos cinco municípios da região.
Por dois anos, a Giral fez um mapeamento para identificar como está estruturada a rede de assistência social voltada a crianças e adolescentes do município de Glória do Goitá e vizinhos.
O levantamento apontou lacunas preocupantes, especialmente com relação a casos de abuso e exploração sexual. Assim foram formadas as diretrizes da Rede, que vai contemplar 53 instituições da região de municípios das Zonas da Mata Sul e Norte e Agreste de Pernambuco.
A criação da rede foi orientada pela professora doutora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Valéria Nepomuceno, uma das referências no estado no enfrentamento ao abuso e à exploração sexual infantil e coordenadora do Grupo de Estudos, Pesquisas e Extensões no Campo da Criança e do Adolescente (GECRIA/UFPE).
Segundo o levantamento, a vulnerabilidade de crianças e adolescentes em municípios menos assistidos é maior e vem ao lado das dificuldades de denunciar casos de violência. ONGs, escolas e outras instituições compõem a rede juntamente com CRAS, CREAS e Conselhos Tutelares. Adolescentes entre 12 e 17 anos estão na faixa etária mais preocupante.
Em torno de 70% das instituições participantes declararam que têm conhecimento de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Moura ressalta que não é função dessas organizações receber casos ou suspeitas, competência que cabe aos Conselhos Tutelares, mas destaca que a ação em conjunto será mais eficaz: o trabalho em rede.
Números
Com relação aos casos de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes, o mapeamento feito pela Giral indica que 42% chegam ao conhecimento das instituições através de “comentários ou boatos”, relatados por vizinhos ou parentes.
As notificações de casos também chegam através das próprias crianças ou adolescentes (5%), professores (5%), denúncias anônimas (3%) ou colegas (3%). Dentre os casos conhecidos, 49% são denunciados; a maioria (33%) ao Conselho Tutelar do município.
Dentre as instituições pesquisadas, 75% são governamentais e 25% não governamentais. De forma geral, o retrato das instituições mapeadas, em sua maioria, é a seguinte: 70% das instituições atuam na área da educação e atendem crianças (40%). Em geral, apoiam capacitação e atuam simultaneamente em áreas urbanas e rurais da região.
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