Sempre que não se encontra no mercado comercial aquele produto de que tanto se necessita para o uso na atividade normal do cotidiano, é comum que pelos meios possíveis de divulgação, inclusive pela prática do boca-a-boca, se utilize a linguagem do “Procura-se”, como forma de localizar aquele item que possa resolver o problema de eventual carência.
Naturalmente, o leitor está surpreso com a analogia, visto que o título da crônica se reporta a um órgão da maior significação em nosso corpo, responsável por diversas funções no organismo humano, “como a percepção dos sabores e a formação de sons correspondentes à fala, além de complementar o processo de deglutição”. Difícil classificar o grau de maior ou menor importância, porque qualquer desvio de qualidade no seu desempenho, traz sensíveis prejuízos ao seu detentor. E a sua perda por algum acidente, priva o indivíduo do bem maior que é a capacidade de comunicação.
As pessoas têm por índole, o hábito de observarem o comportamento dos indivíduos na proporção exata do que falam, não tanto pelo volume da voz, mas pelo conteúdo que emana do que dizem. No mundo político, então, o nível de exigência cresce de maneira exponencial, porque são agentes públicos com poderes outorgados pelo voto popular e assim devem responder por princípios básicos de responsabilidade ao transmitir aquilo que pensam. Infelizmente não é bem isso que vem ocorrendo de uns tempos para cá.
Quando a crônica se propõe à busca por um “freio para língua”, é porque muitos, ou diria a grande maioria dos nossos representantes na vida pública, têm perdido a noção dos limites que devem ser observados no uso da palavra como meio legítimo e autêntico de comunicação, seja pelas expressões impróprias que emitem ou a falta de respeito perante o público. Numa total descompostura.
Por exemplo, imaginar que o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro, filho n° 3 do Presidente, diante de críticas por integrar a Comitiva que visitou Israel e todos saíram daqui sem usarem máscara e chegaram lá já usando, tenha rebatido em “live” recente, para as pessoas “enfiarem a máscara no r.....”! No mínimo, chulo e indecente, e merecia responder pela falta de decoro como parlamentar que é! De outra parte fez duras acusações de que “a China criou o vírus” e recebeu como réplica uma dura frase do Embaixador da China: “Lamentavelmente você é uma pessoa sem visão internacional nem senso comum, sem conhecer a China nem o mundo”. Para o bom entendedor, no popular isso quer dizer: cale a boca que você não sabe de nada.
Surpreendente, porque mais comedido nas palavras, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, fez declaração também inadequada, afirmando que a “China inventou o vírus”. Assustou-se quando soube que estava sendo filmado e corrigiu dizendo que usou “imagem infeliz”! Será que teremos mesmo de encontrar uma adaptação de freio para o descontrole da língua?
Na última semana, um exemplo de líder mundial, a 1ª Ministra Ângela Merkel, da Alemanha, encantou o mundo ao desfilar pela cidade em despedida do seu longo período no governo. A maneira como saiu aplaudida depois de 16 anos no Poder, onde se destacou pelo equilíbrio e competência, além do destaque como uma grande líder do continente europeu, demonstra que na Democracia também pode ter governos de longa duração, só depende da dedicação, integridade e honradez no desempenho da missão. Foi um belíssimo exemplo para muitos marmanjos ignorantes e despreparados que ocupam altos cargos de comando pelo mundo!
Concluo, reproduzindo um pequeno trecho da minha crônica publicada em 11/07/2017, sob o título “POR QUE NÃO COPIAR OS BONS EXEMPLOS?”:
“Se somos um país jovem e temos tantas deficiências e fragilidades em nossa postura humana e na estrutura organizacional de nossas Cidades, Municípios, Estados e Nação, por que não copiamos o bom exemplo dos modelos já aprovados pelo mundo?”
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador – BA.
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