A utilização de medicamentos com eficácia não comprovada no tratamento contra o novo coronavírus, como a cloroquina, a hidroxicloroquina e o vermífugo ivermectina, tem gerado controvérsia. O ouvinte e engenheiro agrônomo Valdemar Borges defendeu o uso do remédio. "Defendo o uso do remédio como forma de prevenção".
Ao longo do programa opiniões giraram a favor e contra. Um dos ouvintes disse que "o assunto estava sendo politizado". De um lado, pessoas que defendem a criação de um protocolo para a prescrição de um coquetel com os medicamentos para o chamado tratamento precoce, no início dos sintomas e sob prescrição médica. Do outro pessoas que não aceitam "tomar o remédio devido a não comprovação cientifica.
Um ouvinte chegou a enviar para o radialista Geraldo José a copia de uma receita datada de 24 novembro de 2020, para tratar Covid-19, de um médico da Secretaria de Juazeiro (BA).
Valdemar defendeu o protocolo usado pela médica Raíssa Soares que ganhou fama nacional após revelar os resultados positivos com seus pacientes com Covid-19 em Porto Seguro, ministrando o tratamento precoce de hidroxicloroquina em conjunto com azitromicina, ivermectina, zinco e vitaminas.
A revelação foi feita pela própria médica através de um vídeo em suas redes sociais.
A médica ganhou notoriedade ao gravar um vídeo, em junho do ano passado, pedindo ao presidente Jair Bolsonaro caixas de hidroxicloroquina para que pacientes da região pudessem se tratar. O pedido chegou até o presidente que enviou 40 mil caixas do medicamento para Porto Seguro.
Ela também participou, em agosto do ano passado, de um evento em Brasília que reuniu médicos de diversos lugares do país que receitam hidroxicloroquina e outros medicamentos a pacientes como forma de combater a Covid-19.
Natural de Belo Horizonte-MG, Raíssa Oliveira Azevedo de Melo Soares tem 50 anos, é casada e mãe de dois filhos. Ela é Clínica Geral e trabalha com o SUS há 25 anos. Foi uma das primeiras médicas da região a usar o protocolo de uso de medicamentos como Azitromicina, Ivermectina e Cloroquina no tratamento de paciente com Covid-19, apesar da falta de consenso científico sobre o emprego das substâncias.
No dia 19 de março, uma polêmica na cidade de Camaquã, distante 129 quilômetros de Porto Alegre,chamou a atenção, quando o presidente Jair Bolsonaro entrou ao vivo por telefone. O presidente da República exaltou o chamado tratamento precoce para a covid-19. Não há comprovação de eficácia no uso dos fármacos contra o coronavírus e há risco de efeitos colaterais severos, como arritmia cardíaca.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) emitiu um comunicado na segunda-feira, 22, desaconselhando o uso de ivermectina no tratamento e na prevenção de covid-19. Ela concluiu que os dados que estão à disposição não confirmam a necessidade de utilização desse fármaco criado na década de 70 contra o coronavírus – ele é indicado para tratar infestações de parasitas como piolho e sarna.
“Na União Europeia, os comprimidos de ivermectina são aprovados para o tratamento de algumas infestações de vermes parasitas, enquanto fórmulas preparadas com ivermectina são aprovadas para o tratamento de doenças de pele como a rosácea. A ivermectina também está autorizada para uso veterinário em uma ampla gama de espécies animais para parasitas internos e externos. Os medicamentos com ivermectina não estão autorizados para uso na covid-19 na União Europeia e a EMA não recebeu nenhum pedido para esse uso”, disse a agência.
No Brasil, um grupo de médicos que defende o tratamento precoce contra a covid-19, que implica o consumo de medicamentos mesmo como profilaxia e sem que a pessoa esteja sentindo qualquer sintoma, colocou a ivermectina como um dos remédios que deveria ser utilizados contra a covid-19. Ele está no mesmo grupo de outros, sem eficácia comprovada, como a cloroquina, e ambos são defendidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
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