Após pouco mais de um ano em que o Brasil começou a enfrentar a luta contra o coronavírus, era possível acreditar que o pior já tinha acontecido. A vacinação deixou de ser uma promessa e passou a ser uma realidade muito mais próxima.
Mas enquanto a quantidade de imunizados não avança de uma forma que aplaque o aumento de infectados e também o número desenfreado de brasileiros que perdem suas vidas todos os dias, é preciso tomar medidas rígidas que evitem qualquer tipo de aglomeração, mas que ao mesmo tempo não impeçam o funcionamento do comércio formal.
“A vacinação nos enche de esperança, mas, até que todos nós estejamos imunizados, precisamos garantir a vida das pessoas e também a sobrevivência dos negócios, que geram emprego e renda. Os comércios precisam funcionar com consciência e responsabilidade, respeitando sempre os protocolos de prevenção”, afirma o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros.
Essa crise perdura há mais de um ano, sem uma previsão iminente de chegar ao fim. Já são mais de 270 mil famílias devastadas pela perda de seus ententes queridos. E além de todo impacto na saúde, não há como ignorar os fortes prejuízos gerados na economia.
Um recente levantamento da CNC aponta que mais de 75 mil lojas fecharam suas portas em 2020. Foi a maior retração registrada desde 2016, quando o comércio ainda amargava com os efeitos da maior recessão da história recente do país. Além disso, no ano passado, o varejo brasileiro também sofreu com a queda das vendas (-1,5%) e do nível de ocupação (-25,7 mil vagas formais).
De acordo com a entidade, é possível buscar uma maneira de preservar vidas sem sacrificar mais ainda o comércio. E essas medidas já estão sendo tomadas pelos empresários, que investiram em todas as adequações sanitárias necessárias.
Como representante de um dos setores que mais geram emprego no Brasil, a categoria defende que é preciso manter o funcionamento integral do comércio formal, sem redução nos horários. A abertura parcial das lojas causa um efeito contrário, pois gera horários de picos, que contribui para a aglomeração de pessoas.
Representantes do comércio consideram fundamental fazer um trabalho integrado para permitir que a economia continue girando, ao mesmo tempo que a segurança sanitária seja totalmente respeitada. Enquanto o comércio trabalha para seguir todas essas medidas, as autoridades devem priorizar uma fiscalização contínua e rigorosa para evitar que ocorram aglomerações, festas clandestinas e assegurar o uso adequado da máscara de proteção.
Além de implantar ações para garantir o funcionamento seguro do comércio, a CNC também atua como parceira na imunização da população:
"Disponibilizamos a capilaridade do Sistema Comércio, por meio das unidades do Sesc e do Senac de todo o Brasil, presentes em cerca de 2 mil municípios, para contribuir no processo de imunização da população nestas localidades."
Mesmo com todas as dificuldades que os comerciantes enfrentam para manter suas portas abertas e evitar a demissão dos funcionários, um outro desafio das micro e pequenas empresas é o custo do dinheiro.
Preocupada com esta situação, desde o início do ano passado a entidade trabalha em ações que possam amortizar os problemas sofridos pelo setor. A CNC sugeriu ao governo federal medidas nos âmbitos trabalhistas, tributário, financeiro e jurídico. O principal objetivo é garantir a manutenção de empregos por meio da desburocratização para obtenção de créditos junto às instituições financeiras.
Entre as propostas realizadas para garantir um cenário mais favorável aos empresários, o governo divulgou no início de março, a decisão de prorrogar por mais três meses o prazo para o pagamento dos empréstimos que foram concedidos pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Ponompe). Esse adiamento, solicitado pela CNC, é um importante reforço para a sustentabilidade financeira dos estabelecimentos e também do emprego de milhares de pessoas em todo país.
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