Após a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) lançar uma carta aberta falando sobre a iminente escassez de medicamentos para o atendimento de pacientes graves da Covid-19, o Sindicato dos Hospitais de Pernambuco (Sindhospe) afirmou que esse é um cenário que atinge praticamente todo o país, inclusive a rede hospitalar dos setores público e privado do estado.
O presidente do sindicato George Trigueiro disse que fabricantes e laboratórios já entraram em contato com a instituição alertando sobre a iminente falta de medicamentos para atender os pacientes graves atingidos pelo novo coronavírus, bem como indicou que o baixo estoque de medicamentos é um problema que atualmente atinge tanto a rede privada de saúde quanto a pública.
No âmbito local, não foi confirmado quais medicamentos correm risco de entrar em falta. Entretanto, a carta da Anahp, divulgada na última sexta-feira (20), levanta que alguns dos medicamentos em falta no setor privado do âmbito nacional seriam os sedativos utilizados para a intubação dos pacientes.
"Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias. Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público - agravando a situação do sistema de saúde brasileiro", diz trecho da carta.
Além de cobrança para a adoção de medidas sobre a falta de medicamentos, a Associação Nacional de Hospitais Privados também reinvindica um maior controle sobre a requisição dos medicamentos por parte das secretarias municipais e pelo próprio Ministério da Saúde, de modo que os pacientes do setor privado não fiquem desassistidos.
"Nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19", diz outro trecho da carta.
Para o presidente do Sindhospe George Trigueiro, o controle da requisição deve ser feito nos dois setores. "A requisição administrativa afeta da mesma maneira que o impedimento da aquisição de vacinas pelo setor privado. Se o governo vai controlar a distribuição, deverá fazer no público e privado. Afinal, a Covid-19 não destingue o tipo de usuário", concluiu.
Confira a carta da Anahp na íntegra
A situação é crítica e, se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes morrerão.
Há um ano, o Brasil tem se mobilizado para o enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). A saúde, sem dúvida, é um dos setores mais afetados pela pandemia, e tem se deparado com vários desafios importantes.
Um dos mais graves, neste momento, é a iminente escassez de medicamentos necessários para atendimento aos pacientes graves acometidos pela Covid-19, bem como a requisição desses medicamentos pelas secretarias municipais de saúde e pelo Ministério da Saúde.
Em levantamento realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), junto aos seus associados, no dia 18 de março de 2021, ficou clara a escassez de medicamentos essenciais para o tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19, especialmente os sedativos necessários para intubação. Alguns destes medicamentos têm estoque médio de apenas quatro dias, como é o caso do propofol e cisatracurio.
Estoque atual:
•Propofol - 4 dias
•Cisatracurio - 4 dias
•Atracúrio - 4 dias
•Rocuronio - 9 dias
•Midazolam - 14 dias
•Fenatanila - 19 dias
Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias. Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público- agravando a situação do sistema de saúde brasileiro.
Nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19.
Assim sendo, solicitamos ao Ministério da Saúde e demais órgãos competentes atenção urgente em relação à esta questão crítica que a saúde está vivendo, colocando em risco a vida dos pacientes.
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