A reportagem da REDEGN teve acesso ao relatório do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) que mapeou os estoques de medicamentos em unidades de saúde dos estados e apontou situação de desabastecimento de alguns produtos e risco de falta de outros nos próximos dias.
O levantamento teve como foco remédios usados em unidades de terapia intensiva (UTIs), estruturas fundamentais para atendimento a pacientes, especialmente no cenário em que a demanda aumenta com vários leitos sendo ocupados por pacientes que evoluíram para quadros graves de covid-19.
Os estoques de medicamentos sedativos, fundamentais para pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), estão perto do limite considerado seguro por médicos em Juazeiro e Petrolina. Entre os medicamentos que estão já em falta ou em estoque reduzido estão midazolam, fentanil e propofol, que são utilizados para a sedação de pacientes em UTI. Também há falta de neurobloqueadores musculares como atracúrio, rocurônio, cisatracúrio, utilizados em procedimentos que demandam anestesia.
O alerta para a possível falta dos medicamentos usados para entubação tem como principal causa o aumento da procura por esses produtos. A situação do Vale do São Francisco e norte da Bahia vai tomando uma forma dramática vivida por parentes das pessoas vítimas da Covid-19 na região. A informação da precariedade dos estoques de medicamentos sedativos essenciais para para pacientes internados em UTIS foi confirmada pelo médico e atual diretor do Hospital Promatre, Pedro Borges Filho.
Uma fonte ouvida pela reportagem da REDEGN disse que a situação em Petrolina também é crítica.
O Governador da Bahia também admitiu colapso no sistema de saúde do estado; onde a espera para UTI é de 72 horas O governador da Bahia, Rui Costa, disse que o sistema de saúde do estado está em colapso por causa do número alto de pacientes que precisam de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e da demora na regulação.
A redação da REDEGN obteve Informações que as secretarias municipais de Saúde mostram que, em vários estados, os estoques públicos de medicamentos para intubação estão em níveis críticos e podem acabar nos próximos 20 dias. Em Juazeiro o médico Pedro Filho disse que já houve o "comunicado que dois leitos foram bloqueados devido a dificuldade para compra/aquisição de remédios. "Solicitamos ajuda a Central de Regulação Interestadual (CRIL) e autoridades nessa grave situação", revela documento que a REDEGN teve acesso.
O chamado kit intubação tem, entre outros itens, remédios para anestesia, sedação e relaxamento muscular. Os bloqueadores causam um relaxamento profundo na musculatura do tórax e do abdômen, fazendo com que haja uma melhor ventilação neste paciente. Quando você não tem esses bloqueadores neuromusculares, essa estratégia não pode ser feita e isso acarreta um prejuízo muito grande e um possível desfecho de aumento de mortalidade nesses doentes", explicou o médico intensivista Alexandre Amaral.
O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde calcula que as reservas atuais durem só 20 dias e pede que o Ministério da Saúde garanta com a indústria a continuidade do fornecimento.
De acordo com chefe do Executivo e o secretário municipal da Saúde, Marcelo Brito, está prestes a esgotar o estoque de relaxantes musculares, sedativos, analgésicos e anestésicos utilizados no hospital de campanha da cidade. Colbert afirmou que a pandemia fez com que o consumo desses remédios aumentasse de forma considerável, dificultando a aquisição.
“Em todo o país, nós estamos vivendo um momento extremamente crítico. O importante é que, nesse momento de gravidade, nós estejamos reunidos principalmente sob a regulação do Ministério da Saúde com a participação da indústria para nós estarmos regulando essa produção desses medicamentos; Ministério da Saúde e indústria para que não faltem nos hospitais de referência, principalmente nas unidades que estão no plano de contingência", afirmou o presidente do CONASEMS, Wilames Freire.
A preocupação é que o baixo estoque de remédios comprometa também outros atendimentos de emergência.“Muitos desses medicamentos são usados para outros pacientes, são usados para cirurgias, por exemplo, e a hora que faltar vai ser um grande problema para continuar tocando as cirurgias de emergência e depois as cirurgias eletivas”, declarou a presidente da AMIB, Suzana Lobo.
O Ministério da Saúde afirmou que faz reuniões semanais com secretários estaduais de Saúde para planejar o apoio do Governo Federal com base no consumo de cada um, e que as informações são repassadas à Anvisa e à indústria farmacêutica para que a produção e a venda dos medicamentos sejam adequado.
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