O artista plástico Darlan Rosa , criador do Zé Gotinha, lamentou a divulgação que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fez nesta sexta-feira (12) de uma versão do personagem segurando uma arma e classificou o desenho como uma "imagem terrível".
A imagem foi publicado pelo parlamentar no Twitter um dia após o ex-presidente Lula fazer duras críticas à condução da pandemia pelo governo brasileiro e dizer que Bolsonaro preferia comprar mais armas que vacinas.
Criado em 1986, o Zé Gotinha foi fruto de um trabalho do artista feito para a Unicef (braço da ONU para a infância) para criar um símbolo para a campanha de erradicação da pólio. "É tudo o que eu não penso. Ele foi concebido como personagem educativo. Não há nada de educativo numa arma", disse Rosa à coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo .
Segundo o artista, o Zé Gotinha surgiu em uma época em que o Brasil usava o terror como método de campanha, o que não vinha funcionando. "Era o vacine ou morra. E eu propus a quebra desse paradigma. Não se educa pela violência e pela imposição. A educação é pelo exemplo. E esse aí com a arma é péssimo", afirmou.
"Criei um projeto simples de propósito e compartilhado, então mesmo quando ele é mal desenhado ele tem sua força. Prefiro ver a forma dele não correspondendo ao que eu fiz do que com apologia a armas", completou.
Rosa informou que os direitos patrimoniais do Zé Gotinha são do Ministério da Saúde e os morais, dele. Apesar disso, ele não vai acioanr a Justiça contra a deturpação. "É uma briga que não tem mais fim. Do outro lado o poder é muito maior. É a mesma coisa de querer acabar com fake news. O primordial é esclarecer que o Zé Gotinha foi criado para educar. Só a informação e a ciência podem nos ajudar."
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