O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou na manhã desta quarta-feira (10) na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo. Na primeira manifestação pública depois da anulação das condenações no âmbito da Lava Jato pelo ministro Edson Fachin (STF), Lula declarou ter sido vítima da "maior mentira jurídica contada em 500 anos de história".
“O sofrimento que as pessoas pobres estão passando nesse país é infinitamente maior do que os crimes que cometeram contra mim”, disse Lula. Nesse mesmo sentido, o ex-presidente também fez um gesto de condolências às famílias que tiveram vítimas da Covid-19. “A dor que eu sinto não é nada diante da dor que sofrem mais de 260 mil pessoas que viram os seus entes queridos morrer”, declarou.
O ex-presidente afirmou que vai continuar pleiteando a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no Supremo Tribunal Federal (STF). “Nós vamos continuar brigando para que o Moro seja considerado suspeito, porque ele não pode ser considerado o maior mentiroso do Brasil e ser chamado de herói por aqueles que querem me culpar”, disse.
O local da coletiva de imprensa é o mesmo em que Lula fez o seu último discurso antes de ser preso a mando do ex-juiz Sergio Moro e conduzido para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal do Paraná.
O primeiro discurso foi marcado por uma série de agradecimentos aos seus correligionários e companheiros políticos, também críticas ao governo federal. O petista afirmou ter convidado para a coletiva aqueles que estiveram ao seu lado e se opuseram à sua prisão.
No palanque estavam figuras políticas como o ex-prefeito e candidato à Presidência da República Fernando Haddad, o ex-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e a presidente do PT Gleise Hoffman.
Lula fez um agradecimento especial ao presidente da Argentina Alberto Fernandez, que, segundo ele, foi o primeiro a felicitá-lo pela reversão das condenações. O ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, também foi lembrado.
Durante os agradecimentos, Lula mencionou o Foro de São Paulo, uma organização de partidos de esquerda da América Latina, que é alvo de ataques e desinformação de opositores.
Críticas a Bolsonaro
O ex-presidente declarou: "Não sigam nenhuma decisão do presidente da República e do ministro da Saúde". Em outro momento, ele disse que "esse país não tem governo, não tem ministro da Saúde e ministro da Economia, tem um fanfarrão" e "ele (Bolsonaro) nunca foi nada".
“A questão da vacina não é se tem dinheiro ou se não tem dinheiro, é se eu amo a vida ou se eu amo a morte. É sobre o amor do presidente pelo seu povo”, afirmou
Lula também falou que a governo federal estaria operando desinvestimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Ele ainda prestigiou o trabalho dos profissionais da linha de frente do combate à Covid-19.
“Quando veio o coronavírus se não fosse o SUS a gente teria perdido muito mais gente do que perdemos, apesar do governo tirar tanto dinheiro do SUS e ser um desgoverno”, disse.
Durante as críticas ao governo federal, o petista defendeu o auxílio emergencial como medida de enfrentamento à pandemia do coronavírus. “Você precisa de um salário para as pessoas não passarem fome. Isso não precisa ler Marx ou caderno do Delfim neto para saber”, disse Lula.
Na mesma linha de oposição à gestão Bolsonaro, o ex-presidente criticou a política armamentista do governo federal. Lula defende o investimento em armamentos destinados ao Exército e à Polícia Militar, ao invés de incentivar o armamento da população civil.
"Esse povo não está precisando de armas, está precisando de emprego", disse. "O estado precisa estar presente nas periferias desse país".
Críticas à imprensa
A imprensa também foi alvo de críticas. Segundo Lula, a cobertura dos veículos jornalísticos foi feita de forma espetaculosa e persecutória durante o seu governo, o julgamento pelo ministro Sergio Moro e a sua condenação.
“Contra o Lula não precisa provar que o documento tem verdade”, disse o ex-presidente em referência à reprodução de documentos cedidos pelos procuradores da operação Lava Jato. “Jornalista não existe para ir para a rua cumprir a ordem do editor”, defendeu em outro momento.
“O papel da imprensa quando o jornalista sai pra rua é dizer a verdade nua e crua, não importa contra quem seja”, disse. “Não uma imprensa que divulga aquilo que ideologicamente ela quer”.
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