Desde o ano passado, o setor de frutas do Brasil vem encontrando dificuldades para entregar mercadoria e atender a demanda externa. Consequência da pandemia do Coronavírus e das restrições impostas por importantes países consumidores, o volume exportado diminuiu e o setor desde então busca maneiras de driblar as dificuldades.
Alexandre Duarte, diretor de logística da Abrafrutas, explica que em 2020 a redução do fluxo de aviões vindo das Américas, Ásia e Europa foi expressivo, impactando diretamente nas exportações de fruta, principalmente de manga e mamão, produtos considerados como “carros-chefes” das exportações brasileiras.
O problema começou com a diminuição de voos comerciais, consequência das restrições sanitárias impostas ao redor do mundo. Segundo Alexandre, a condição passou a ficar mais crítica porque as exportações são feitas justamente com essa logística.
“Há muitos anos se utiliza aviões comerciais para fazer essa exportação. Isso acontece porque o avião cargueiro, por exemplo, transporta 90 toneladas de produto. No caso dos aviões comerciais, além do fluxo diário, nós conseguimos transportar entre 15 e 20 toneladas. Então no lugar de colocar tudo em um dia só, fazemos vendas aos poucos e que suporte a demanda”, afirma o especialista.
A partir do momento em que as companhias áreas registraram uma queda nos voos, sem passageiros, o setor passou a enfrentrar dificuldades para exportação. Consequência disso foi uma perda expressiva de frutas no ano passado, já que mesmo repassada ao mercado interno, o produto não foi de fato consumido.
“A gente precisa lembrar que mesmo no mercado interno tivemos aquele momento de incerteza”, comenta. Acrescenta ainda que o produto, que tem um custo mais alto e consequentemente um preço mais elevado para o consumidor final, precisou competir as frutas já destinadas ao mercado interno, e sem consumo precisaram ser descartadas.
Segundo Alexandre, uma das alternativas encontradas pelo setor, foi quando as companhias áreas transformaram os voos comerciais em cargueiro. Ou seja, utilizaram os lugares que seriam para passageiros para transportas cargas. “A demanda de insumos para vacinação e medicamentos é alta, então passamos a utilizar esses espaços”, afirma.
Em relação aos números, Alexandre destaca que a exportação teve uma queda de 40% em relação aos produtos oferecidos para demanda mundial. Já do lado financeiro, o impacto foi de 7%, e minimizados pela alta do dólar. “Os produtos, mesmo em menor escala, que estão sendo vendidos, estão tendo um preço mais valorizado em função da valorização do dólar ante ao real“, complementa.
Entre os principais destinos, as restrições seguem sendo válidas. Com a descoberta da nova cepa do Coronavírus no Amazonas, as relações ficaram ainda mais estreitas. “Já tem quase 15 anos que o Brasil se tornou refém da aviação internacional. Antigamente nós tínhamos outras companhias nacionais que nos salvavam em épocas de crise. Hoje dia temos a Azul, que é uma grande companhia, mas com poucos destinos internacionais”, afirma.
Alexandre destaca que a expectativa é que a vacinação em massa resulte em bons resultados, devolvendo assim à normalidade para as operações. Reforça que é importante que o produtor entenda que esse não é um problema enfrentado apenas no Brasil, mas sim mundo afora. “Não é um problema apenas do Brasil, tirando os Estados Unidos que não pararam em nenhum momento, todos os outros países enfrentam grandes dificuldades. A solução é a vacinação em massa”, conclui.
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