É isso mesmo. Luís Alberto Dourado passou pelas nossas vidas e pela vida do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco como um cometa. Veio rápido, irradiando uma luz de muito brilho e um calor humano intenso. Além de ter deixado, agora, um rastro comprido de muita saudade.
Nosso embaixador de Morro do Chapéu e sua voz trovejante farão muita falta em todas as nossas reuniões, do interior da Bahia até os mais distantes rincões das terras e das águas franciscanas. Não veremos mais aquela figura de grande porte, inundando de ideias, de propostas, de temáticas nossos encontros, do café coletivo da manhã até às madrugadas quentes em que as polêmicas da gestão hídrica porventura venham dominar nossas pautas plenárias.
Sejam as risadas largas, os abraços efusivos, as réplicas veementes ou aquelas conversas que começavam em tom baixo que logo se convertiam em assertivas incisivas, era definitivamente impossível ignorar a presença de Dourado em qualquer lugar.
Meticuloso em tudo que se propunha executar, leitor voraz, estudioso apaixonado dos temas que pretendia tratar ou defender, Dourado fazia sempre intervenções ricas em detalhes, exemplos e propostas. E se o assunto era objeto de disputa institucional ou teórica, ele se preparava como ninguém para o embate, sempre imbuído da vontade de se fazer ouvir, mas também de convencer seus possíveis oponentes ocasionais.
Dono de uma retidão de caráter férrea que parecia alma gêmea do arcabouço de concepções humanistas que carregava, Dourado sempre tomava lado e era incansável defensor e colecionador de causas generosas das quais não arredava o pé, sobretudo quando se tratava da defesa da legislação ambiental e de recursos hídricos, das demandas da sustentabilidade, da democracia participativa das águas e dos interesses dos mais vulneráveis, os ribeirinhos, os povos tradicionais, a gente trabalhadora do Brasil profundo.
E assim, feliz o Velho Chico, felizes as águas e a Mãe Natureza, sortudas as gestões das águas e do meio ambiente, que encontraram no grande Luís Alberto Dourado um dos seus mais notáveis defensores. E feliz o CBHSF em cuja base estão tijolos mágicos feitos com as mãos, com o amor, com o idealismo de ser humano tão peculiar em sua forma apaixonada de viver a vida como foi o caso Luís Alberto Dourado que, daqui por diante, voltará para a companhia das estrelas, lugar de onde certamente empreendeu sua grande viagem até nós. Luís Alberto Dourado, presente!
Anivaldo de Miranda Pinto - Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.