Ex-ministro da Educação e candidato derrotado no segundo turno das eleições presidenciais de 2018, Fernando Haddad (PT) inicia, por Minas Gerais, uma série de viagens pelo Brasil. A ideia é apresentar o Plano de Reconstrução Nacional traçado pelo partido e discutir, inclusive com lideranças de outras legendas, a construção de uma alternativa ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, ele demonstra temor com gestos vindos do presidente. “Ele é uma pessoa muito instável, psicologicamente falando, e perigosa”, diz.
Nesta quinta-feira (25/02), Haddad se reúne com Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte. Ele admite a necessidade de dialogar com os que se opõem às pautas bolsonaristas e evita projetar os cenários para 2022, mas ressalta que os petistas têm quadros para assumir a liderança de chapas presidenciais e estaduais.
O presidenciável diz que há nomes para disputar o governo mineiro no próximo ano, mas não descarta alianças. O PDT, de Ciro Gomes, já se mostrou disposto a apoiar uma coalizão encabeçada por Kalil. Para a formalização de coligações, os petistas desejam alinhamento de ideias.
“Não fazemos análise de popularidade. Fazemos análise de compromisso social. Não sei quais são os compromissos que aqueles que estão se colocando vão fazer em nome de um Brasil mais justo”, diz o ex-ministro da Educação. “Se não conversarmos entre nós, relevando as diferenças para colocar em primeiro lugar o interesse nacional, não vamos ter país para governar em 2022”, defende.
Em Minas Gerais, o PT vem de três fortes baques: em 2018, Fernando Pimentel parou no segundo turno e não conseguiu ser reeleito governador, enquanto Dilma Rousseff, ao contrário do que indicavam todas as pesquisas, perdeu a vaga no Senado Federal. No ano passado, Nilmário Miranda, outro histórico quadro do partido, amargou a sexta colocação na eleição belo-horizontina, com apenas 1,88% dos votos válidos. Apesar dos tropeços, Haddad crê em tempos melhores.
Ao sair em defesa de Pimentel, o ex-prefeito de São Paulo recorre a tópicos como a contestação do resultado da eleição de 2014 por parte de Aécio Neves (PSDB). “Ele foi vítima dessa sabotagem e foi muito difícil a vida dele, inclusive pela herança que recebeu do (Antonio) Anastasia. Não foi fácil a vida dele, mas foi um grande prefeito e é a mesma pessoa. Estamos falando da mesma pessoa”.
Para o pleito presidencial, o plano é pensar, de antemão, em eventual segundo turno, para contrapor a agenda bolsonarista. A ideia é que o primeiro turno gire em torno de discussões sobre os problemas da atual gestão. “O governo Bolsonaro representa um risco à democracia, à saúde pública, à educação de crianças e jovens, ao meio ambiente e um isolamento internacional do Brasil, que já não têm mais parceiros no exterior. Ele conseguiu só fazer adversários no mundo inteiro”, opina.
Haddad se esquiva sobre uma possível participação de Lula na próxima disputa pelo Executivo nacional. Embora esteja em liberdade, o líder do PT ainda é considerado inelegível. Ministro durante grande parte era lulista, ele garante que todas as instâncias serão utilizadas para provar a inocência do ex-presidente. “Temos que despolitizar a Justiça, defender a Justiça para todo e qualquer cidadão, independentemente de concordar com ele ou não”, sustenta.
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