Covid-19: Estados enfrentam falta de dinheiro do governo federal para garantir leitos extras de UTI

25 de Feb / 2021 às 08h15 | Coronavírus

No pior momento da pandemia no Brasil, estados ainda enfrentam falta de dinheiro do governo federal para garantir leitos extras de UTI.

O repasse do governo federal para os estados financia o tratamento de pacientes graves desde o início da pandemia. Em dezembro, o Ministério da Saúde bancava 60% dos leitos de UTI do SUS para tratamento de Covid. Em janeiro, esse número foi reduzido pela metade. Agora, em fevereiro, caiu para 15%.

Isso vem ocorrendo porque em 31 de dezembro terminou a vigência do decreto de estado de calamidade, e o governo federal deixou de repassar o dinheiro. O decreto garantia dinheiro extra, fora do limite do orçamento.

A taxa de ocupação das UTIs está próxima do limite. O Observatório da Covid da Fiocruz alerta que é o pior momento. No Maranhão - onde a taxa de ocupação está em 91,39% - o governador Flávio Dino diz que o estado está pagando as despesas das UTIs sozinho desde janeiro.

“O conjunto dos estados brasileiros consegue aguentar essa situação por mais dois ou três meses. A partir daí é rigorosamente impossível com os recursos próprios, além de ser algo incompatível com a lei, porque o que está garantido legalmente é que o SUS tenha financiamento tripartite, ou seja, que a esfera federal também participe”, alegou Flávio Dino.

No começo de fevereiro, o Ministério da Saúde pediu R$ 5,2 bilhões ao Ministério da Economia - principalmente para pagar leitos de UTI - alegando que a doença continuava a produzir impactos severos no Sistema Único de Saúde e que os recursos eram imprescindíveis e urgentes. Mas, durante a negociação com a equipe econômica, o Ministério da Saúde concordou em diminuir o pedido quase pela metade, para R$ 2,8 bilhões, que ainda nem foram liberados.

Questionado, o Ministério da Saúde usou argumentos econômicos para justificar a decisão; disse que entende que uma economia equilibrada, que promova a retomada do crescimento, também contribui para a qualidade de vida da população” e que, na negociação com o Ministério da Economia, ficou acertado que, inicialmente, “seria melhor trabalhar com o valor de R$ 2,8 bilhões, negociáveis, em caso de necessidade e de demanda dos estados".

Uma especialista em gestão na área de saúde diz que faltou planejamento. “Tudo o que nós estamos falando hoje era previsível quando dava para ser planejado a partir do começo da pandemia. Então, as vacinas, as necessidades de leitos, o recrudescimento da pandemia nós tivemos, tudo isso era previsível”, afirmou Ana Maria Malik, coordenadora de Saúde da FGV.

O Palácio do Planalto afirmou que o presidente Jair Bolsonaro vai editar Medida Provisória para o crédito extraordinário de R$ 2,8 bilhões ao Ministério da Saúde. O dinheiro servirá para garantir leitos de UTI, além de testes, insumos, medicamento, equipamentos de proteção e pesquisas sobre o coronavírus. A Medida Provisória vai ser publicada nesta quinta-feira (25) no Diário Oficial.

redação redeGN com informações JN

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