Artista “se joga” na Caatinga em performance inédita na carreira: “Corpoente”

Com o intuito de capturar elementos artísticos por meio dos movimentos corporais, o projeto “Corpoente - a pulsação do acaso no sertão” está sendo realizado aqui na região do Vale do São Francisco.

Conduzida pelo artista visual e bailarino Pedro Lacerda, a ação é dividida em 04 etapas e tem como objetivo final a produção de um curta-metragem experimental, que vai estrear gratuitamente no Youtube e terá cerca de 10 minutos de duração.

“Corpoente” tem inspiração nos elementos míticos do sertão, como a caatinga (bioma único no mundo e exclusivamente brasileiro), na fauna e no Sol. De acordo com Pedro Lacerda, que está à frente do projeto, o curta-metragem mescla o processo criativo e artístico individual e, de certa forma, também homenageia o território que abriga riquezas naturais e que é predominante aqui no Nordeste do Brasil. 

“Irei falar sobre meu processo criativo, e como o espaço e as coisas que estão nele conversam com as minhas criações performáticas. Seja a luz do sol que irradia em meu corpo, o vento que move minha vestimenta, as cores predominantes do espaço, ou as referências de animais que incorporo. Muitas das minhas movimentações têm inspiração em bode, cavalo, cachorro, pássaros, serpentes. Perpassando pelo imagético da fauna e da flora da caatinga”, explica Pedro.

Atrelado a isso, o artista relata ter passado por um processo de reminiscência quando retornou da cidade natal, Araripina-PE, onde experimentou diversas ações solo. Desde dançar livremente pelas ruas coreografando cenas com a arquitetura, até vagar pelo mato como animal em noites claras. 

“A partir da situação atual de isolamento, percebi uma "expansão" no meu campo de criação, das performances, da movimentação. Acredito que foi nessa ação no quintal da casa de minha mãe, no sítio onde vive minha família, que adentrei uma corporeidade outra. Lembro que me embrenhei no mato e andava pelo chão farejando, ouvindo, observando as coisas como que aguçando instintos não como humano, mas sim, como bicho, como uma tentativa em afastar-se da figura hominídea bípede e pensante. Quando encerrei essa ação, lembro de ter retornado ao quarto e comecei a chorar copiosamente. Algo já não era como antes, algo mágico havia acontecido ali. A partir de então, passei a ver/ouvir/cheirar/sentir e perceber as coisas e o mundo de outra forma. Parece algo irreal, e eu amo as coisas que sobressaltam a realidade, me encantam”, lembra.

“Corpoente” conta ainda com a parceria do diretor de fotografia Robério Brasileiro e do produtor executivo Wllyssys Wolfgang, da WW Filmes. O projeto tem apoio financeiro do Estado de Pernambuco, através da Secretaria de Cultura de Pernambuco e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal. 

O ARTISTA – PEDRO LACERDA

Formado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Pedro Lacerda é artista multifacetado, artista visual, performer, atuante em produções audiovisuais diversas, atualmente integra a Qualquer Um dos 2 Companhia de Dança e Companhia de Dança do SESC em Petrolina - (DRT 0004037/PE). Com experiência na coordenação de festivais como Aldeia do Velho Chico (de 2017 a 2020), Aldeia Vale Dançar (2019), Janeiro Tem Mais Artes (2019), Encontro com a Literatura Entre Margens (SESC Petrolina);Mostra 14 de Dança (2019) pela Qualquer Um dos 2 Cia de Dança; também atuou como apoio administrativo no setor de cultura do Sesc Petrolina; criador, intérprete/performer em “O que toco, incorporo Ni-MiM”, “Pequenos Surtos Apocalípticos” (2020), em “Transformância”(2020), em “As BiCHXS estão Soltxs” (2020), em “Meu amor é seu, Cavalo”(2020), em “Bixcha Omen Cabra Macho”(2020), em “Sagração da Primavera”(2020), entre outras atividades, que podem ser comprovadas nos canais do Instagram (@peelacerda), no Youtube, Facebook ou respectivos sites dos festivais.