"Eleições e o desrespeito as medidas durante o período do Carnaval são os responsáveis pela nova onda Covid-19", acusa cientista

24 de Feb / 2021 às 06h30 | Coronavírus

Com a gravidade da pandemia enfrentada pela Bahia, o toque de recolher adotado pelo governo estadual não funciona. É a opinião do neuro cientista e ex-integrante do comitê científico do Consórcio Nordeste.

Ele ressalta que o toque de recolher foi tentado em vários países, em diferentes momentos da pandemia, e em diferentes graus de gravidade da crise sanitária. “No momento em que a gravidade aumenta muito, como é o caso da Bahia, o toque de recolher começa a diminuir o seu efeito a ponto de não ser mais efetivo, porque a transmissão já está fora de controle e ela ocorre nos outros períodos do dia”, disse ao citar como exemplo o transporte coletivo, comércio e outros locais em que há aglomeração.

Nicolelis ressalta os exemplos de Reino Unido, Portugal, Alemanha, França e Estados Unidos mostram que o toque de recolher deixa de ser eficaz e passa a ser apenas uma medida paliativa, que em alguns dias se demonstra ineficaz. O cientista foi o entrevistado desta terça-feira (23) no programa Bahia Notícias no Ar, da rádio Salvador FM 92,3.

Miguel Nicolelis é neurocientista, pós-doutor em fisiologia e biofísica, professor e codiretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke, nos Estados Unidos. 

 Desde o início da pandemia o Comitê Científico do Consórcio Nordeste emitiu boletins mensais com dados e recomendações para os estados lidarem com a crise. Miguel Nicolelis ressalta que a situação enfrentada agora é sem dúvida o pior momento da pandemia desde 6 de março, quando a Bahia confirmou o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus. Eles ressalta que em 18 de dezembro o boletim do grupo trouxe previsões que apontavam para uma segunda onda “explosiva”.

“Infelizmente essas previsões se confirmaram com erro mínimo”, lamentou.

Apesar de alguns governantes atribuírem a situação atual com a circulação de uma nova variante da Covid-19, o cientista ressalta que não é o caso. “A variante não é responsável pelo início a segunda onda que foi em decorrência das festas natalinas”, afirmou ao citar também as eleições e o despeito as medidas durante o período do Carnaval.

Para ele, o Brasil não estaria em uma situação tão grave se declarasse lockdown nacional após o Natal.

Redação redeGN com informações Rádio Salvador FM

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