Pela primeira vez em mais de 10 anos, um protótipo de vacina contra HIV chega à última etapa dos testes clínicos, de fase 3, antes de ser submetida à aprovação. O resultado vai determinar se o imunizante é realmente capaz de proteger contra a transmissão do vírus que, se não tratado, causa a AIDS.
A vacina é desenvolvida pela farmacêutica Janssen que já começou a recrutar participantes para o estudo em todo o mundo, inclusive no Brasil.
A tecnologia segue o mesmo modelo utilizado na vacina desenvolvida pela farmacêutica contra a covid-19, em que é utilizado o vírus modificado para transportar o material genético da doença até as células humanas. Quando o indivíduo é vacinado, ele passa a produzir resposta imune contra proteínas do HIV sem nunca ter tido contato com esse vírus antes.
A eficácia já tinha sido testada em 2009, mas sem sucesso. Na época, o imunizante só conseguiu evitar 30% das infecções. A expectativa dessa vez é maior porque nas fases anteriores do estudo mostraram que a vacina mostrou-se segura e foi capaz de criar anticorpos. Resta saber agora se a eficácia será a mesma em condições reais.
Em São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP), o Hospital Emílio Ribas e o centro de Referência Vila Mariana estão responsáveis pelo recrutamento de voluntários saudáveis. No Rio, a Fiocruz e o Hospital Geral de Nova Iguaçu é que farão a seleção. Também haverá recrutamento em Belo Horizonte (UFMG), em Curitiba (Centro Médico São Francisco) e em Manaus (Fundação Medicina Tropical).
O estudo quer selecionar homens gays ou bissexuais cisgêneros e homens ou mulheres transexuais entre 18 e 60 anos. Os interessados podem entrar em contato por meio do Programa de Educação Comunitária da FMUSP através do Instagram @pec.hcfmusp ou pelo e-mail [email protected]. Esses voluntários serão sorteados para receber aleatoriamente as quatro doses da vacina experimental ou de um placebo, substância sem efeito.
Vale destacar que a a vacina não é a cura do HIV, mas sim um método preventivo que será somado a outras estratégias, como o próprio preservativo e a recente Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), comprimido disponibilizado no SUS para populações-chave, como pessoas trans, travestis, profissionais do sexo e homens que fazem sexo com outros homens (HSH). (Catraca Livre)
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