Prefeituras começam a suspender vacinação contra Covid por causa da falta de doses

16 de Feb / 2021 às 21h15 | Coronavírus

Prefeituras começaram a suspender a vacinação contra a Covid por causa da falta de doses nos estoques. Só na semana que vem, o Ministério da Saúde voltará a receber lotes de imunizantes.

Nem o ritmo lento da vacinação no Brasil evitou que os estoques chegassem ao fim. Na Bahia, mais de 80 cidades, entre elas Senhor do Bonfim, já estão sem vacina para continuar a imunização do grupo prioritário. Em Salvador, as doses acabaram nesta terça (16) para quem seria imunizado pela primeira vez.

A prefeitura de Curitiba diz que não tem mais doses para convocar novos grupos de idosos a partir da semana que vem.

A Frente Nacional de Prefeitos divulgou nota em que cobra: "É urgente que o país tenha um cronograma com prazos e metas estipulados para a vacinação de cada grupo” e reclama que os "sucessivos equívocos do governo federal na coordenação do enfrentamento à Covid-19 estão diretamente ligados à escassez e à falta de doses de vacinas em cidades de todo o país".

A Frente Nacional de Prefeitos diz ainda que solicitou uma reunião entre o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e governantes e, passados mais de 30 dias, nenhum agendamento foi feito.

A Confederação Nacional de Municípios também manifestou indignação com a condução da crise sanitária e pediu a troca de comando do ministério da Saúde. De acordo com a confederação, o ministério não acreditou na vacinação como saída para a crise e não realizou o planejamento necessário para a aquisição de vacinas.

O Ministério da Saúde diz que está trabalhando diuturnamente para dar a melhor resposta à sociedade e que não vai comentar a carta, porque não recebeu.

As únicas duas vacinas disponíveis no Brasil são a CoronaVac, do Instituto Butantan, e a Oxford-AstraZeneca. Até agora, o Ministério da Saúde distribuiu aos municípios 9,8 milhões doses da CoronaVac e 2 milhões de doses da Oxford-AstraZeneca. Isso só dá para imunizar menos 6 milhões de pessoas, já que as duas vacinas exigem uma dose de reforço.

Por não ter fábricas capazes de produzir a vacina do zero, o Brasil depende da importação de doses prontas e de insumos, e eles têm demorado a chegar. A Fiocruz só recebeu o primeiro lote da matéria-prima da vacina Oxford-AstraZeneca no último dia 6, com semanas de atraso.

Os preparativos para o envase dos primeiros 2,8 milhões doses começou na semana passada. A primeira entrega ao Ministério da Saúde, de 1 milhão de doses, deve ocorrer até 19 de março.

O insumo para a produção da CoronaVac também atrasou. Estava previsto para a primeira quinzena de janeiro, mas só chegou neste mês. O Butantan tem hoje 17,3 milhões doses em produção, que, segundo o instituto, começarão a ser distribuídas no dia 23.

O Brasil também fechou acordo para receber 10,6 milhões doses da vacina Oxford-AstraZeneca por meio do consórcio global Covax Facility. As remessas devem chegar, aos poucos, até junho.

Para conseguir milhões de doses no menor tempo possível, muitos países compraram vacinas de diferentes laboratórios. É o caso dos Estados Unidos e de países da Europa. Aqui no Brasil, o governo federal adquiriu, até agora, apenas duas vacinas, o que, segundo especialistas, coloca o país em uma posição vulnerável.

“Não compramos quando precisávamos comprar e se não comprarmos agora, para uma entrega daqui a talvez dois meses ou quando a oferta aumentar, vamos ficar sem vacina. Então temos que fazer mais acordos, temos que comprar de outros fornecedores, outros tipos de vacinas, doses prontas de vacinas que possam ser usadas imediatamente”, afirma Denise Garret, epidemiologista e vice-presidente do Sabin Vaccine Institute.

Em setembro do ano passado, a Pfizer ofereceu 70 milhões de doses ao Brasil. O governo não fechou o negócio e criticou as exigências feitas pelo laboratório. A Pfizer diz que as mesmas cláusulas foram aceitas por outros países.

O Ministério da Saúde diz que negocia a compra de 20 milhões de doses da vacina russa Sputnik V e outros 10 milhões da indiana Covaxin e assinou, nesta segunda (15), o contrato com o Instituto Butantan para a compra de mais 54 milhões de doses da CoronaVac, que serão entregues a partir de maio. A opção de compra já estava prevista no primeiro contrato assinado em janeiro. O ministério chegou a dizer que a aquisição estava confirmada, mas o contrato não tinha sido assinado até agora.

O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Carlos Lula, diz que é urgente conseguir mais vacinas: “Então a gente tem que acelerar isso e o meio de acelerar isso nesse momento é conseguir mais doses. Essa tem que ser a preocupação número 1 do Ministério da Saúde nesse momento. À medida que a gente vai abrindo o processo de vacinação, a gente vê o quanto a gente está atrasado. A continuar nesse ritmo, a gente vai levar mais de um ano para vacinar toda a população".

O Ministério da Saúde informou que "está trabalhando na conclusão do cronograma de entregas das próximas doses das vacinas contra a Covid-19 com o intuito de dar celeridade à imunização no país. Cabe ressaltar que os entes federados são responsáveis pela distribuição das doses das vacinas aos municípios, conforme planejamento local".

redação redeGN com informações TV Bahia e JN

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