Artigo: Você quer mesmo ser um escritor?

17 de Feb / 2021 às 23h00 | Espaço do Leitor

Você quer mesmo ser um escritor? Talvez seja uma pergunta simples, vaga, sem nexo e superficial. Mas, escrever nunca foi e nunca será fácil. Algumas pessoas querem escrever, porém, em sua caminhada encontram desculpas para não seguir adiante o ofício, preferem o anonimato a enfrentar os desafios da escrita.

Vejam os principais entraves ou impedimentos que paralisam as pessoas na busca desses objetivos: Primeiro, só escreverei quando dominar melhor à gramática. Segundo, vou escrever quando ler os clássicos literários. Terceiro, quando tiver uma ideia genial me arriscarei a rascunhar alguma coisa. Quarto, quando eu encontrar um bom tema, um título impactante, uma história tocante e emocionante, escrevo, sem sombra de dúvidas. Com esses conceitos equivocados crescem elasticamente as barreiras para não encarar a sua realidade dentro do universo literário.

 Você precisa lançar fora seus medos, porque se persistir com esses pensamentos medíocres, nunca escreverá. Há outros que vão mais longe ainda, bem surreais, só querem tentar ser um escritor quando receber um sinal ou visão dos céus. Serei bem realista, ser um escritor, é uma tarefa árdua, penosa, contudo, prazerosa. A gente enfrenta uma batalha feroz com a nossa língua portuguesa. As colocações das palavras, o emprego dos adjetivos, a concordância verbal e nominal, o uso correto da crase, os pronomes, saber usar a mesóclise, a ênclise, a próclise, os verbos, os substantivos, os advérbios, os artigos, o uso correto da regência de alguns verbos, enfim, saber utilizar a coesão e a coerência, aplicar corretamente as classes de palavras, enriquecendo a produção textual com pontuação e elegância. Por fim, ser julgado pelos leitores, principalmente, pelo especialista da área. Além disso, acompanhado de muito suor, lágrimas e frustração. É um trabalho sobre-humano, exige um sacrifício pessoal, uma entrega absoluta, de corpo e alma, sem reservas.

Às vezes, sentimos desilusões, bate uma tristeza profunda, uma comiseração constante. Parece um trabalho sem brilho, sem compensação, nem sempre recebe aplausos, pelo contrário, críticas desconstrutivas, pedradas e comentários maldosos que machucam, desmotiva o escritor, principalmente o leigo, aquele que está começando. Tudo bem que precisamos sempre está estudando, lendo bastante, procurando as boas referências, devorando os livros, ser preenchido com as letras, encarar a leitura como uma prece diária. 

 Se você quiser ser realmente uma profissional da escrita comece agora, pegue uma folha de papel, escreva o que seu coração manda, pode rascunhar à vontade. Exercite sua imaginação, qualquer coisa que julga ser besteira, que acha que não tem importância alguma, sem pé e sem cabeça, sem sentido mesmo. Faz isso com frequência, coloca em uma caixinha, quem sabe uma pasta ou um local de fácil acesso etc. Obviamente, no primeiro momento, talvez ache feio o que escreveu, sem coerência e bizarro. Porém, depois de reler novamente, sua visão mudará, nem mesmo acredita que tenha escrito aquilo.

Então, siga em frente, vai se descobrindo, se reinventando, brinca com as palavras, vai se familiarizando, torne esse momento um hábito, de repente sem perceber, julga que pode ser um escritor. O que está esperando? Comece a publicar nas redes sociais, dando publicidade aos seus escritos em blogs, jornais impressos, revistas e outros veículos de comunicação, superando seus complexos. Mais que isso, encontrando prazer, satisfação na escrita, na leitura dos livros, sendo um ardoroso defensor da cultura literária. Eu continuo assassinando a gramática, porém, não desisto de tentar escrever melhor. Você ainda deseja ser um escritor ou é só um impulso momentâneo?

 Se eu pudesse plantaria, ainda que simbolicamente, pés de livros, em cada praça da cidade. Ao invés de frutos pendurados nos galhos, seriam livros. Com certeza haveria maior valorização da cultura literária, um despertamento por livros, provocaria entusiasmo nas pessoas, aumentaria os números de leitores e impactaria a sociedade com tal novidade, principalmente às crianças, e os estudantes da esfera pública e particular. 

Antonio Damião Oliveira da Silva
Guarda Civil Municipal de Petrolina/PE
Graduado em Matemática pela UPE-FFPP.
E-mail: [email protected]

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