Em evento online realizado na última terça-feira (02/02), o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) apresentou à grupo de instituições parceiras o projeto piloto AgritechNE, que será parcialmente sediado em Petrolina-PE.
O AgritechNE conta com oito metas a serem cumpridas até 2023 e integra a carteira de projetos do Polo Mangue Digital (região metropolitana de Recife) da Rota da TIC do MDR, tendo o objetivo de apoiar o agronegócio no Nordeste a partir do desenvolvimento de startups na região do Vale do Rio São Francisco, com foco na área de fruticultura.
Entre as principais ações da iniciativa estão o mapeamento de necessidades dos produtores regionais; capacitação de recursos humanos do setor de TIC e montagem e acompanhamento de plataforma física e online para o desenvolvimento de novos negócios.
O AgritechNE será gerido pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O Cetene gerenciará recursos aportados pelo MDR na ordem de um milhão e trezentos mil reais para execução do Programa pela ação orçamentária de Estruturação e Dinamização de Atividades Produtivas – Rotas de Integração Nacional. O público alvo será o setor produtivo do agronegócio, técnicos, estudantes, institutos de ciência e tecnologia, empresas de extensão e órgãos estaduais e municipais.
De acordo com especialista em Políticas Públicas e Gestão governamental do MDR, Vitarque Coêlho, desde 2019 o Ministério tem se aproximado do setor de TIC, enxergando a capacidade das tecnologias da informação e comunicação de acelerarem todos os demais setores, inclusive o agropecuário. "Esse é um projeto estratégico do MDR, o primeiro passo para integração do setor de TIC não apenas como uma ferramenta, mas como motor de desenvolvimento regional. A partir desse projeto, esperamos crescer as ações também para outros polos no Nordeste".
Segundo o coordenador da Rota TIC, André Rafael, a ideia foi alavancar a área de TIC em setores e territórios que pudessem ter maior impacto regional, caso do Vale do São Francisco, que já conta com um ecossistema brotando para a inovação d
igital. "Um dos resultados esperados do AgritechNE é justamente o aumento da produtividade local e posicionamento do Nordeste no mercado de startups e soluções para o agronegócio", comenta. De acordo com dados do censo 'Radar Agtech', monitoramento realizado pela Embrapa em 2019, 90% das agritechs brasileiras estão localizadas na Região Sul e Sudeste. Somente 4% delas estão na Região Nordeste.
O coordenador do Polo Mangue Digital e Diretor de Ambientes de Inovação e Formação superior da SECTI-PE, Carmelo Bastos Filho, também acredita que o projeto contribuirá para o fortalecimento das conexões entre os ecossistemas de inovação dos polos Mangue Digital e Sertão Digital, trazendo maior sinergia e apoio entre as instituições parceiras em um esforço conjunto para desenvolver essa rede de inovação.
METAS: A apresentação das metas do AgritechNE foi feita pelo coordenador do Cetene, Jarley Nóbrega, que destacou a motivação do projeto para atuação no eixo Petrolina-Juazeiro.
"A região é hoje um dos maiores polos de fruticultura tropical do Brasil, com acelerado crescimento e potencial para produção agroindustrial, mas que ainda carece de um ecossistema de inovação robusto e agritechs capazes de lidar com as particularidades locais e gerar novas oportunidades de emprego, renda e desenvolvimento', explica.
As oito metas do AgritechNE apresentadas por ele durante a reunião foram: 1-Mobilização, realização de workshops e consultas para identificação de problemas do Vale do São Francisco; 2-Realização de programa para a criação e geração de soluções tecnológicas e Agritechs; 3-Construção de plataforma on-line para coordenação das atividades do programa AgritechNE 4-Estruturação de, ao menos, dois ambientes de inovação TIC para o setor agropecuário; 5- Realização de capacitações técnicas em gestão e tecnologia; 6-Implantação de programa de residência tecnológica; 7- Desenvolvimento de projeto piloto de nanotecnologia aplicada ao agronegócio; 8- Criação de plano de comunicação da plataforma AgritechNE.
A reunião contou com a participação de representantes de diversas instituições, entre elas: Embrapa, MDR, Banco do Nordeste, Sudene, Univasf, UPE, IFSertão Pernambucano, Facape, Sebrae, Senar, Habitat de inovação Garoa, Prefeitura de Petrolina, entre outros.
A Embrapa Semiárido já é parceira do MDR nas Rotas de Integração Nacional e mantém conexão com o polo TIC Mangue Digital desde a sua criação em 2019. Em 2020 a Unidade foi convidada a participar do projeto 'Plataforma AgritechNE' devido ao importante papel da Empresa no setor agropecuário regional.
No AgritechNE a Embrapa atuará tanto no comitê gestor do projeto como na coordenação de duas metas específicas, que envolvem o contato direto com o setor produtivo para o desenvolvimento de soluções tecnológicas, explica Daniela Campeche, supervisora do Núcleo Local de Inovação e Tecnologia da Embrapa Semiárido.
"Vamos atuar na articulação e levantamento de gargalos, demandas e oportunidades. Essas identificações ajudarão a direcionar os produtos e soluções a serem desenvolvidos pelas agritechs formadas", completa.
Quanto à criação de um programa para geração de soluções tecnológicas na cadeia da fruticultura irrigada, a pesquisadora explica que a ação será realizada através da contratação de uma empresa especializada, mas com coordenação da Embrapa. "Esperamos ter grandes oportunidades de co-desenvolver essas soluções, que serão disponibilizadas ao produtor em um curto período de tempo", finaliza Campeche.
O que é a Rota TIC? A Rota TIC é uma iniciativa da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e da estratégia Rotas de Integração Nacional, cujo objetivo é apoiar a estruturação de Polos de Desenvolvimento Regional associados ao setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC) como forma de alavancar o desenvolvimento de cadeias produtivas regionais.
Atualmente são quatro polos: Polo Mangue Digital, com abrangência na região metropolitana de Recife; Polo Sertão Digital, para desenvolvimento da área de influência dos municípios de Petrolina e Juazeiro; Polo Cerrado Digital, voltado para a região integrada de desenvolvimento do Distrito Federal e entorno; e Polo Paraíba Digital, com abrangência nas regiões imediatas de João Pessoa, Itabaiana e Campina Grande.
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