Mutação, variante, cepa e linhagem: entenda o que significam os termos ligados à evolução do coronavírus

30 de Jan / 2021 às 11h45 | Coronavírus

Novas mutações do vírus SARS-CoV-2 são esperadas. Isso é um comportamento comum. Isso porque à medida que o vírus se espalha, ele pode sofrer muitas modificações genéticas. Dessas mutações podem surgir novas variantes, cepas e linhagens.

Especialistas dizem que variante brasileira tem potencial de reinfectar quem já teve Covid. Entenda o que significa cada termo ligado à evolução do novo coronavírus:

Mutação: é uma mudança que ocorre de forma aleatória no material genético. Essas alterações ocorrem com frequência e não necessariamente deixam o vírus mais forte ou mais transmissível. Por isso, pesquisadores acompanham o caminho das transmissões e fazem um mapeamento do material genético no decorrer da pandemia, uma forma de monitorar as versões que realmente merecem atenção.

Variante: a variante pode ser entendida como o vírus que mudou durante seu processo de replicação. Quando essa mudança (mutação) começa a aparecer muitas vezes, os especialistas fazem o sequenciamento do genoma. Se essa mudança se "fixa", isso configuraria a variante do vírus anterior. O vírus ancestral (ou original) pode ter várias variantes, cada uma com uma modificação diferente.

Cepa: algumas variantes acabam se comportando da mesma forma e a cepa é o conjunto dessas variantes semelhantes. Por exemplo: se as variantes do Reino Unido, Brasil e África do Sul tivessem comportamentos semelhantes, elas seriam uma cepa.

Linhagem: é um conjunto de variantes que se originaram de um vírus ancestral comum.

Por enquanto, três variantes do Sars CoV-2 estão sob a atenção dos cientistas.

Duas principais mutações chamam a atenção: a N501Y, que ocorreu nas três variantes, e a E484K, presente na sul-africana e na brasileira.

Elas preocupam os especialistas porque ocorrem na proteína S (Spike), localizada na coroa do vírus. É ela que se conecta com o receptor ACE2 das células humanas, principal porta de entrada para a infecção do novo coronavírus.

Sobre a N501Y, há a suspeita de que a mudança no código genético tenha tornado as novas variantes mais transmissíveis. Uma pesquisa brasileira divulgada no início de janeiro analisou a troca de aminoácidos que poderia causar esse efeito de maior facilidade da infecção pelo vírus - onde estava o asparagina (N) no RNA do coronavírus original de Wuhan, na versão do Reino Unido, agora existe o tirosina (Y). Os autores explicaram que o "N fazia duas ligações" e, agora, o "Y faz muito mais", trazendo mais aderência ao receptor humano.

Já a mutação E484K está relacionada a um possível enfraquecimento da ação dos anticorpos humanos, mas ainda são necessários mais estudos para confirmar o real efeito da mudança do vírus. Com a nova sequência de RNA, é atingida a região da proteína Spike onde justamente atuam os anticorpos neutralizantes produzidos pelo sistema imunológico.

"Pode ser que a variante que teve origem no Amazonas, daqui a um tempo, e suas decentes possam ser denominadas como cepa, talvez até cepa brasileira, ou cepa amazônica, se se confirmar que ela de fato promove um comportamento diferente na dinâmica da pandemia aqui no Brasil ou onde ela estiver presente", disse Rute Andrade, bióloga, doutora em saúde pública e Conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

G1

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