O presidente Jair Bolsonaro disse na tarde desta segunda-feira, 25, que a Embaixada da China informou o governo federal nesta manhã que o envio dos insumos necessários para a produção do próximo lote de doses da Coronavac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, já foi aprovado pelo governo do país asiático e deve ser liberado nos próximos dias.
"Embaixada da China nos informou, pela manhã, que a exportação dos 5.400 litros de insumos para a vacina Coronavac, aprovada e já estão em vias de envio ao Brasil, chegando nos próximos dias (sic)", escreveu Bolsonaro em sua página no Twitter.
Segundo informado anteriormente pelo Butantan, 5,4 mil litros de insumos são suficientes para a produção de cerca de 5 milhões de doses do imunizante. O instituto já havia demonstrado preocupação com a possibilidade de ficar sem ingrediente ativo para dar continuidade à fabricação da vacina. Os insumos já importados terminarão no fim de janeiro.
Até agora, o Butantã já liberou 6,9 milhões de doses da Coronavac para distribuição aos Estados e promete entregar, nos próximos dias, mais 3,2 milhões de unidades do imunizante.
Após a postagem do presidente, o Ministério da Saúde divulgou um vídeo do ministro Eduardo Pazuello confirmando a informação e prevendo a chegada das doses até o final da semana. "A continuidade do recebimento dos insumos para a fabricação das vacinas pelo Butantan voltou à normalidade. Isso graças à ação diplomática do governo federal com o governo chinês por intermédio da Embaixada chinesa no Brasil. A previsão de chegada dos insumos no Brasil é até o final desta semana", declarou.
Ainda de acordo com Bolsonaro, o processo de importação da matéria-prima para a vacina de Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também está com a liberação "acelerada".
Também produzido na China, o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da vacina inglesa já deveria ter sido entregue em janeiro à Fiocruz para que o primeiro lote de doses fosse distribuído ao Ministério da Saúde no início de fevereiro.
O atraso na entrega fez a fundação adiar para março o fornecimento das primeiras doses e importar do Serum Institute da Índia (parceira produtiva da AstraZeneca) 2 milhões de doses prontas para que o governo não ficasse totalmente desabastecido. A Fiocruz negocia a compra de mais doses prontas. No fim de semana, a presidente da fundação, Nísia Trindade, disse que a previsão para a chegada dos primeiros insumos é "por volta de 8 de fevereiro".
Ainda na postagem nas redes sociais, o presidente mudou o tom e agradeceu a "sensibilidade" do governo chinês. Em diversas ocasiões, o presidente, seus filhos e outros membros do governo já criticaram o país asiático e colocaram em dúvida a segurança dos imunizantes desenvolvidos na China. Bolsonaro chegou a desautorizar Pazuello em outubro após o ministro assinar um protocolo de intenções com o Butantan para a compra da Coronavac. No dia seguinte, Bolsonaro determinou o cancelamento do acordo.
O histórico diplomático turbulento entre Brasil e China na gestão Bolsonaro vem sendo apontado como uma das razões para a demora do governo chinês na liberação da exportação da matéria-prima para as vacinas.
Nas redes sociais, o presidente agradeceu ainda o "empenho" dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Eduardo Pazuello (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura) pelas negociações com a China. Os dois primeiros vêm sendo criticados por sua atuação na pandemia. Araújo faz parte da ala que já criticou publicamente o governo chinês. Já Pazuello é acusado de lentidão nas negociações com os fabricantes dos imunizantes.
Minutos depois da publicação de Bolsonaro, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, que já teve embates públicos com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, compartilhou a postagem do presidente ressaltando a parceria entre os dois países no combate à pandemia.
"A China está junto com o Brasil na luta contra a pandemia e continuará a ajudar o Brasil neste combate dentro do seu alcance. A União e a solidariedade são os caminhos corretos para vencer a pandemia", escreveu Wanming.
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