Hoje, 25 de janeiro, é o Dia Nacional da Bossa Nova e Juazeiro fora do ritmo, harmonia e melodia. A lei 11.926 que institui o marco, foi sancionada em abril de 2009 e escolheu como data o dia do aniversario do maestro Tom Jobim.
Ele, Vinícius de Moraes e João Gilberto foram as principais influencias desse movimento que, derivado do samba e com influencia do Jazz, surgiu na década de 50.
Uma das músicas mais executadas e divulgadas é Desafinado (João Gilberto e Tom Jobim), Chega de Saudade, Bim-bom e Hô-ba-la-lá. A bossa nova despontou com acompanhamento ao violão feito pelo baiano, nascido em Juazeiro João Gilberto, que traz pela primeira vez a batida do violão que se tornaria característica do estilo. “É clássico e definitivo momento de parto [da bossa nova]”, considera o crítico e historiador Ricardo Cravo Albin.
Final dos anos 1950, zona sul do Rio de Janeiro. Um ritmo musical se esparrama pelos tapetes dos apartamentos e auditórios de universidades da cidade, para então, no início da década de 1960, ganhar o Brasil e o mundo. Símbolo de modernidade e trilha sonora da boemia daquela época, a bossa nova completa 63 anos este ano 2021.
A bossa nova surgiu no momento em que o samba-canção era o gênero musical que dominava o mercado fonográfico brasileiro. Ricardo Cravo Albin considera que Chega de Saudade, gravada por João Gilberto, foi a manifestação concreta do movimento e um grito ao samba-canção.
“O samba-canção não era senão um samba lento, muitas vezes com um cheiro de bolero, que foi o grande momento da venda de discos nos anos 1950. Era o samba-fossa, o samba dor de cotovelo”, aponta o crítico e historiador.
Para o saudoso crítico musical Zuza Homem de Mello, autor de Copacabana: a trajetória do samba-canção, a bossa nova foi uma evolução dessa forma de fazer samba, que representou um momento de transição no processo de modernização da música brasileira iniciado no final da década de 1940.
“O samba-canção vinha dando ares de modernidade à Música Popular Brasileira, devido a compositores que deram à música melodias e harmonias muito mais avançadas do que as que havia até então”, considera.
Pesquisador da obra de João Gilberto, Walter Garcia sintetizou a complexidade do trabalho do músico baiano como uma “contradição sem conflitos”.
“O difícil do João Gilberto é que a obra dele está sempre equilibrando contrastes e antagonismos, embora na aparência seja uma obra que não tem contradição nenhuma. Ela é toda atravessada de contradições mas elas são apresentadas como se não houvesse o conflito”, explica em entrevista ao Portal EBC.
Ele qualifica como “imensa” a contribuição do músico baiano para música, a arte e a cultura brasileira, mas ressalta que “estamos longe de compreender essa contribuição” e considera que, apesar de ter sido bastante difundida, a obra de João “aos poucos foi deixando de ser escutada como deve ser”.
“Ela é colocada numa espécie de pedestal e aí fica difícil você escutar a obra e compreender exatamente o que ela está tentando transmitir, o que está tentando expressar”, ressalta.
"Hoje era para ser um dia de festa, homenagens. Aquela estatua de João Gilberto na orla, apesar de válida merece entrar no ritmo, melodia e harmonia de uma cidade que deveria gerar renda e emprego devido o nome da bossa nova. Infelizmente ouvimos o pior que existe da musica, no espaço da orla, ali era para ser a expressão máxima da música", diz um músico que pediu para não ser identificado.
"Temos uma ouro e não sabemos que temos essa riqueza musical", finalizou.
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