Responsável por contribuir com boa parte da produção de frutas, verduras e até mesmo café para a região norte da Bahia, agora a comunidade de Serra dos Morgados, em Jaguarari (BA), vem observando a drástica redução das suas principais culturas devido à diminuição da oferta de água.
De acordo com a Associação das Mulheres Agricultoras e Artesãs de Serra dos Morgados, o desmatamento e a seca associados ao excesso de poços perfurados de modo ilegal são os principais fatores para o sumiço da água, situação que já está afetando até mesmo o abastecimento humano de comunidades inteiras, que atualmente dependem de carros-pipa.
Esta é uma das propostas aprovadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) através do Edital de Chamamento Público 02/2019, para manifestação de interesse para seleção e contratação de projetos com foco na sustentabilidade hídrica no Semiárido. Com isso, uma força-tarefa foi montada neste final de semana, contando com a participação da comunidade para reunir informações que subsidiarão a elaboração de um termo de referência, documento base para a posterior contratação de obras que venham minimizar ao máximo os impactos da ação humana devastadora, através da exploração desenfreada do recurso natural.
O trabalho, que deve prever a construção de barragens subterrâneas, barreiros e outras estruturas objetivando a recarga de aquíferos, é financiado integralmente pelo CBHSF e executado pela Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos – COBRAPE, contratada através de licitação pela Agência Peixe Vivo.
Responsável por apresentar a proposta para recuperação na Serra dos Morgados, a integrante da Associação das Mulheres Agricultoras e Artesãs de Serra dos Morgados, Edna Maria de Almeida, destacou a urgência dos trabalhos.
“Ano após ano temos presenciado a morte de diversas nascentes. São muitas até aqui que já deixaram de existir por causa da perfuração de poços. Entramos com uma ação no Ministério Público e na ocasião verificou-se que praticamente todos os poços eram irregulares e por isso, hoje não conseguimos mais plantar e, o pior, estamos passando sede, dependendo de caminhão-pipa”, relatou.
Além disso, o professor e um dos coordenadores do movimento Salve as Serras, Juracy Marques reforçou o alerta como pesquisador para o atual cenário de escassez hídrica. “As nascentes e rios estão morrendo, temos comunidades inteiras passando sede, então além de denunciar e cobrar, precisamos fazer alguma coisa urgente para buscar reverter esse cenário”.
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