Em novembro do ano passado a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fontana, disseque não haveria como imunizar toda a população brasileira em 2021.
“Nós definimos objetivos [com grupos prioritários] para a vacinação, porque não temos uma vacina para vacinar toda a população brasileira”, afirmou. Isso porque os estudos feitos até o momento não contemplam todas as faixas etárias que compõem a população.
Hoje, janeiro de 2021, fica cada vez mais evidente: a vacinação em massa é um desafio do tamanho do Brasil. Um levantamento dos números de tudo que o país tem disponível para imunizar a população preocupa especialistas da área de saúde.
De acordo com a reportagem do Jornal Nacional/Rede Globo os 6 milhões de doses da vacina CoronaVac, do Instituto Butantan, são as únicas que o Brasil tem até agora. O ministério fez a divisão: a região Norte vai receber 708 mil doses; o Nordeste, quase 1,5 milhão de doses; o Sudeste, pouco mais de 2,5 milhões; o Sul, 750 mil; e o Centro-Oeste, 574 mil doses.
Nessa primeira fase, vão ser vacinados profissionais de saúde, idosos com 75 anos ou mais, idosos com mais de 60 anos que moram em asilos, indígenas que vivem em aldeias e comunidades ribeirinhas. E todos deverão tomar duas doses da vacina. Serão necessários quase 30 milhões de doses.
O pouco número de vacinas disponíveis até agora é a grande preocupação de especialistas. “A gente precisa avançar. Isso está considerado no documento que o ministério apresentou já mês passado. A gente precisa avançar essas negociações. Não só com novos fabricantes, mas o fechamento, a concretização dessas negociações já feitas, com o envio das vacinas contratadas pelo Brasil”, afirma Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
O Instituto Butantan pediu à Anvisa o registro emergencial para um segundo lote de 4,8 milhões de doses da CoronaVac, que foram finalizadas, envasadas e rotuladas pelo Instituto Butantan. A autorização dada neste domingo (17) pela agência foi apenas para as primeiras 6 milhões de doses da vacina.
A Anvisa informou que já recebeu o pedido e iniciou a análise. Em 24 horas, responde se os documentos estão ok e, no máximo em dez dias, se autoriza ou não o uso emergencial.
O governo contava também com a vacina da Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz: 2 milhões de doses. Mas a negociação do governo brasileiro com o governo indiano fracassou e as vacinas continuam na Índia.
O Instituto Butatan, considerado um dos principais centros científicos do mundo, iniciou a vacinação no último domingo 17 e junto ao governo do estado de São Paulo, anunciou a taxa de eficácia da Coronavac, que é de 78%. “É um ótimo resultado”, diz Gonzalo Vecina, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com isso, qualquer desconforto que possa ter havido anteriormente, com o adiamento da divulgação dos resultados, acabou se dissipando de forma inequívoca. “O patamar de eficácia obtido é bastante alto”, afirma Vecina.
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