Em pronunciamento após autorização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19 no Brasil, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, disse ter em mãos os imunizantes, mas afirmou que não iria começar a aplicação de doses neste domingo, 17, em um "ato simbólico ou um ato de marketing". A
o mesmo tempo, o governador João Doria (PSDB) fez evento em que houve a vacinação da primeira pessoa no Brasil, uma enfermeira negra, com a Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantã e o laboratório chinês Sinovac.
"O Ministério da Saúde tem em mãos, neste instante, as vacinas tanto do Butantã quanto da AstraZeneca. Nós poderíamos, num ato simbólico ou numa jogada de marketing, iniciar a primeira dose em uma pessoa. Mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso. Não faremos uma jogada de marketing", afirmou.
Conforme o ministro, o governo federal determinou que a vacinação contra a covid-19 seja executada pela pasta e argumentou que não poderia ser desprezada a igualdade entre todos os Estados e todos os brasileiros. Ele ainda conclamou os governadores a não permitir movimentos político-eleitoreiros relacionados à vacinação. Segundo ele, a distribuição da vacina será iniciada nesta segunda, a partir das sete horas, para todos os Estados.
O imunizante produzido pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, que teve aval de uso emergencial pela Anvisa, não está no Brasil. O governo federal tentou a importação de 2 milhões de doses na Índia, mas o plano enfrentou problemas. O avião que iria para o país asiático buscar o produto nem chegou a decolar. Com isso, o governo federal se apressou para solicitar nessa sexta, 15, seis milhões de doses da Coronavac do Butantã para começar a campanha de vacinação.
"Tudo quem tem no Estado de São Paulo, no Butantã, é contratado e pago pelo Ministério da Saúde. Pago pelo SUS, pelos senhores. E o contrato é claro, de exclusividade: 100% das doses", afirmou Pazuello. "Está pactuado com os governadores que todas as doses recebidas, são seis milhões de doses, serão distribuídas de forma proporcional aos Estados e entregues simultaneamente. A partir daí, iniciaremos a vacinação de forma igualitária em todos os Estados. Qualquer movimento fora dessa linha está em desacordo com a lei", acrescentou.
Segundo Pazuello, o plano de trazer as doses da Índia não foi levado à frente porque o governo local ainda não havia começado a campanha de imunização contra a covid-19. O desgaste político dos governantes indianos de eventual liberação das 2 milhões de doses antes de começar a vacinação local, portanto, foi um empecilho. "Estamos nas negociações diplomáticas para que seja autorizada a entrega", afirmou Pazuello.
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