No Brasil, uma campanha do Todos pela Educação quer mobilizar as prefeituras para garantir a volta às aulas com todos os cuidados necessários por causa da pandemia. Nunca houve tanta expectativa para a volta das férias escolares.
Os especialistas em Educação dizem que as escolas têm que começar o ano letivo com um plano de reabertura, mesmo que aos poucos, com menos alunos e com todos os cuidados.
O movimento Todos pela Educação elaborou dois documentos com orientações para o retorno às salas de aula. A primeira recomendação é estabelecer um cronograma junto com as secretarias municipais da Saúde; criar um protocolo sanitário e verificar a infraestrutura das escolas; ajustar serviços de limpeza, alimentação e transporte; identificar os alunos que não voltaram para a escola e pensar em estratégias para trazê-los de volta.
Se a pandemia fechou as escolas de uma hora para outra, o diretor-executivo do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, diz que houve tempo para pensar na reabertura: “Não significa reabrir a qualquer custo, muito menos reabrir de qualquer jeito. Significa que o poder público precisa não só lançar mão de uma ação absolutamente vigorosa, mas ter uma visão de médio/longo prazo para esse enfrentamento. Há alguns meses já se sabe desse cenário. Mesmo que em algumas localidades a reabertura segura não tenha uma data fixa estabelecida, é fundamental que todas as gestões, sejam municipais ou estaduais, já se preparem, já se planejem para esse retorno. Infelizmente é algo que, de modo geral, a gente não tem observado ainda no país”.
Boa parte dos estados brasileiros já definiu uma data de início do ano letivo. A maioria entre o fim de janeiro e começo de março. Mas nem todos sabem dizer se as aulas continuarão online ou se também serão presenciais. É isso que o movimento Todos pela Educação diz que está faltando: um passo-a-passo bem definido do que será feito, como e quando. Esse plano precisa ser bem explicado para os pais.
“É fundamental uma comunicação clara, com base em indicadores claros, para fazer com que as pessoas se sintam seguras e confortáveis com um cenário de muita incerteza e muito medo, o que é natural frente à pandemia que o país se encontra”, diz Olavo.
O infectologista Marcelo Otsuka acha que a decisão de reabrir escolas não passa pela vacina. “Vacinação não vai ser o critério. Primeiro porque as crianças não vão ser vacinadas. Então, se você está pensando na saúde das crianças nesse momento, não vai ter influência nenhuma. As crianças não têm desenvolvido, na maioria das vezes, quadros graves, como outros vírus inclusive provocam. Crianças de grupo de risco têm que ficar excluídas, elas têm que continuar com o ensino à distância. E crianças que vão para uma casa em que tem pessoas de risco, tem que ser muito bem pensando. Muito provavelmente elas continuarão com o ensino à distância nesse primeiro momento”, afirma Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Em um comunicado, o Unicef destacou que a experiência de outros países demonstra que a reabertura das escolas não causou um aumento das infecções e alertou para o risco que é a perda do vínculo com a escola, que pode levar ao abandono definitivo.
“Quebra de vínculo é um elemento que está muito associado à evasão escolar, principalmente nos jovens que estão no ensino médio e das regiões mais pobres do país. Se o jovem não voltar para a escola, nós teremos um desastre imenso, repercussões catastróficas de uma pandemia muito séria que, infelizmente, tem nos legado problemas no curto, no médio e no longo prazo”, lamenta Olavo.
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