O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (6) que o Ministério da Saúde suspendeu a compra de seringas a serem utilizadas na vacinação contra a covid-19 "até que os preços voltem à normalidade". De acordo com o mandatário, como houve interesse da pasta "em adquirir seringas para seu estoque regulador, os preços dispararam".
"Estados e municípios têm estoques de seringas para o início das vacinações, já que a quantidade de vacinas num primeiro momento não é grande", escreveu em suas redes sociais. Na verdade, no fim do ano, o pregão aberto pelo Ministério da Saúde para compra de seringas e agulhas foi um grande fracasso, pois precisava de 331 milhões de unidades, mas teve oferta para apenas 7,9 milhões. Os fabricantes informaram que não houve interessados porque o preço pago pelo governo está muito abaixo do mercado.
Desde o início do segundo semestre, fabricantes alertam que o governo precisaria acelerar as negociações para aquisição de seringas e agulhas, sob o risco de o país não conseguir os produtos. Agora, o Ministério da Saúde resolveu fazer uma requisição administrativa de estoques excedentes de agulhas e seringas de fabricantes brasileiros para serem usadas na vacinação contra o novo coronavírus no país.
A ação envolve os fabricantes representados pela Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo). Segundo a pasta, isso ocorre “enquanto não se conclui o processo licitatório normal, que será realizado o mais breve possível”.
Além disso, o governo federal restringiu a exportação de seringas e agulhas, conforme portaria publicada no dia 31 de dezembro de 2020 pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério da Economia. Agora, a exportação de unidades exige uma “licença especial de exportação de produtos para o combate à covid-19”.
O Brasil está atrasado quando se fala no início da vacinação contra a covid-19. Pelo menos 44 países já começaram a vacinar, sendo que na América do Sul, dois países já iniciaram processo: Argentina e Chile. Até hoje, apesar de um plano de imunização, apresentado em dezembro do ano passado, não há data para começar a vacinar a população. Também não existe, até o momento, pedido de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Pelas redes sociais, nesta quarta-feira, o presidente tenta minimizar questão, alegando que a cobertura vacinal ainda é pequena nos outros países — o que é normal, visto que o processo está no início. "Daí a falácia da mídia, como se estivessem vacinando toda a população", escreveu.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.