O governo Jair Bolsonaro está aguardando o que chama de “melhor momento” para exonerar o ministro Eduardo Pazuello do comando do Ministério da Saúde. A informação foi dada pela colunista Thaís Oyama, na tarde desta quarta-feira, 30, no Jornal Jovem Pan.
“O governo está aguardando o que chamam de ‘melhor momento’ para o general Pazuello não sair em baixa. Esse momento seria o início da vacinação. Quando começar a engrenar, Pazuello será afastado do Ministério da Saúde, deixando lugar, provavelmente, para Ricardo Barros, deputado que é líder do governo na Câmara, é do Progressistas, líder do Centrão. Ele é hoje o mais cotado para ocupar a vaga de Pazuello, que não está bem cotado nem no Palácio do Planalto. O general está recebendo muitas críticas, inclusive, no Palácio do Planalto”, disse Oyama.
Ainda segundo a colunista, o motivo decisivo para a tomada de decisão foi a elaboração do plano nacional de imunização. “Tivemos aquele episódio, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, de quase 7 milhões de testes estocados [no aeroporto de Guarulhos]. O general Pazuello foi convocado para explicar o episódio no Congresso. O TCU [Tribunal de Contas da União] fez uma análise bem negativa do trabalho do Ministério da Saúde durante a pandemia e houve também o que o Palácio considera uma falha na comunicação: o ministro diz uma coisa e depois diz outra. Tudo isso foi justa ou injustamente computado a Pazuello”, afirmou Oyama. “Como a gente sabe, existe, da parte do presidente Bolsonaro, uma grande má vontade em relação às vacinas, mas era obrigação de Pazuello ter feito um plano com alternativas”, acrescenta.
Outro fator que contribuiu para o desgaste da imagem de Pazuello foi o fato de países vizinhos, como México, Costa Rica e Argentina terem iniciado a vacinação. “É fato que o Brasil ficou para trás, isso ficou claro. Tudo isso causou mal-estar entre os brasileiros, que viram, concretamente, que ficaram para trás, sem que houvesse motivo. São países vizinhos, com condições iguais ou semelhantes às do Brasil, e que não viram problema em fazer mais de um acordo [com laboratórios]. Todos os países fizeram dois ou três acordos. Sempre pensando que a vacina poderia demorar para obter o registro da Anvisa ou que pudesse não dar certo. Foi mesmo um erro de planejamento e contribuiu para o desgaste da imagem do governo e do general Pazuello”, explica.
Na avaliação de Thaís Oyama, “2021 será o ano do Centrão no governo”. A colunista da Jovem Pan afirma, também, que o Ministério de Minas e Energia, comandado pelo almirante Bento Albuquerque, está sendo negociado com partidos do Centrão, que agora compõem a base do governo Bolsonaro no Legislativo. Procurado pela reportagem, o deputado Ricardo Barros afirmou que “Pazzuello está fazendo grande trabalho de gestão no ministério. É disso que a saúde precisa. Usar bem os recursos que tem. Quanto a Vacina, a cláusula leonina que o fabricante quer no contrato, de isenção responsabilidade por efeitos adversos, emperra a negociação. AGU [Advocacia-Geral da União] em ação”.
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