O programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília, recebeu Valéria Paes, infectologista e professora da Universidade de Brasília (UnB). Na entrevista, a médica falou sobre a expectativa em relação às vacinas contra a covid-19 e a disseminação de fake news em torno desse processo.
A professora afirmou que o negacionismo crescente em torno do processo de vacinação é consequência, principalmente, da quantidade de desinformação — fake news — que circulam diariamente. "É a primeira pandemia dos tempos modernos, em que temos uma agilidade de comunicação muito forte. Vejo isso como um anseio das pessoas de entender (a crise), e temos de ter a habilidade de explicar", disse.
Caso contrário, as fake news poderão atrasar a solução do problema, segundo Valéria. "Precisamos conversar com essas pessoas e ver o que está faltando. São tantas fake news, como a que (fala de) a vacina alterar o DNA ou colocar um chip (nas pessoas). Dessa forma, as fake news vão atrasar a solução para a crise", alertou.
Sobre as pesquisas, a professora mencionou que, atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem 61 imunizantes contra a covid-19 em fase de estudos clínicos, e 11 na etapa de testes. "As vacinas revolucionaram a saúde da humanidade. Conseguimos, inclusive, erradicar doenças por meio delas. Um exemplo seria a varíola, erradica no mundo desde a década de 1980. (A vacina) é um recuso valiosíssimo", destacou Valéria.
A infectologista falou, ainda, sobre a importância de seguir as medidas de segurança e higienização, com uso de máscaras protetoras, álcool em gel e de manter o distanciamento social. Segundo ela, mesmo após a chegada do imunizante, a população deverá manter os protocolos. "Ainda não sabemos quanto tempo vai durar a imunização nem se será necessário aplicar mais doses da vacina. Se isso (o respeito aos protocolos de segurança) se manter, poderemos voltar ao normal com mais agilidade", avaliou.
Sobre o registro de festas e aglomerações durante a pandemia, a professora considerou a situação preocupante. "É muito triste ver notícias e vídeos de aglomerações e pessoas sem máscaras, porque quem esta trabalhando em hospitais, mesmo que não seja na linha de frente, sabe que temos muitos doentes para tratar. Isso é como se fosse um descaso, como se você não estivesse se importando com o próximo", criticou. "Imagina se pensássemos assim para todas as outras doenças transmissíveis", sugeriu.
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