Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram uma substância que ajuda as plantas a produzir mais e a resistir à seca. A substância é uma partícula minúscula, invisível a olho nu, que, diluída em água, forma um estimulante para a planta: a arbolina, que os pesquisadores estudam há 7 anos em laboratórios de nanotecnologia.
Por enquanto, os profissionais preferem manter todo o processo da arbolina em sigilo. Revelam apenas que é uma substância orgânica, inicialmente extraída de uma planta, e que atualmente já é reproduzida em laboratório.
“A gente já consegue um produto comercial mantendo as mesmas propriedades. É um produto biodegradável, não acumula no ecossistema e é totalmente compatível com os seres vivos”, explica o estudante de doutorado da UnB Rogério Gomes Faria.
Aplicada na planta, a substância entra rapidamente dentro das células. O produto age de duas maneias: converte raios ultravioletas do sol – que são nocivos às plantas – em luz azul, que melhora fotossíntese e, por consequência, o desenvolvimento de diversas culturas.
Além disso, a arbolina deixa a planta mais tolerante à falta de água. “Ela ajuda a ter um consumo eficiente da água, ela reduz a transpiração e isso faz com que necessite de menos água para manter seus processos metabólicos”, diz Rogério.
Em laboratório, os pesquisadores testaram a ação da arbolina no milho, na alface, no tomate e no cacau. Mas precisavam comprovar a eficácia do bioestimulante no campo. Para isso, a equipe da UnB fez uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No campo experimental da Embrapa Hortaliças, o bioestimulante é usado no cultivo de tomate. Os pesquisadores querem saber quais são os efeitos do produto na lavoura que sofreu estresse hídrico.
Eles compararam duas áreas com diferentes níveis de irrigação. Uma lavoura recebeu água dia sim e dia não, e a outra ficou 10 dias seguidos na seca.
O produto foi aplicado 3 vezes durante o ciclo da cultura: no plantio, antes e depois do período de seca. Os tomateiros que enfrentaram a seca e receberam o bioestimulante tiveram produção semelhante dos irrigados, que estavam sem arbolina.
Na comparação entre os tomateiros que sofreram com falta de água, aqueles que receberam a nanopartícula tiveram uma produtividade 17% maior. No mesmo experimento foram comparadas plantas que receberam irrigação normal com e sem arbolina. Resultado: ganho de produtividade de 21% com o uso do bioestimulante.
Para os pesquisadores, esses resultados mostram que o produto pode ajudar a produzir em regiões que sofrem com a seca.
A Embrapa já testou o bioestimulante também em lavoura de soja. Seguida as boas práticas de manejo, no Sul do país, a produtividade do grão aumento em 20% na comparação com a média nacional. No Centro-Oeste, a aplicação foi no cultivo do feijão, com produção 33% maior.
Com a eficiência do produto comprovada pela Embrapa, a equipe da Universidade de Brasília decidiu empreender. Abriu uma empresa na Bahia para produzir e vender o bioestimulante.
A biofábrica fica no município de Dias Dávila. São 50 m², onde é possível produzir 200 mil litros de arbolina por mês – volume suficiente para 100 mil hectares de lavoura.
A expectativa é que, no começo do ano que vem, o produto já esteja disponível no mercado a um custo de R$ 130 por litro, que, diluído em água, dá para fazer, em média, 3 aplicações em um hectare.
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