O fim do auxílio emergencial sem outra proposta de ajuda aos 14,1 milhões de desempregados no Brasil chega como uma péssima notícia aos beneficiários que contavam com o dinheiro para pagar as contas de casa e o principal: alimentar a família.
A renda extra criada para amenizar os efeitos da pandemia já havia sido reduzida pela metade e dificultava a vida de muitos que permanecem limitados ao trabalho por conta do novo coronavírus. Agora, com o fim do programa, chega o desespero.
Publicada em 2 de abril de 2020, a lei do auxílio emergencial apontava que o benefício de R$ 600 duraria apenas três meses. Na época, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a informar que o auxílio ajudaria 54 milhões de pessoas.
Durante todo este período a redação da REDEGN prestou serviço relatando as dificuldades dos beneficiários e o enfrentamento das filas. O desempregado José disse que "agora não sabe o que fazer". Segundo ele o proprio presidente Jair Bolsonaro disse que o auxilio era "pouco mas ajudava".
No mês de setembro a reportagem flagou filas enormes em Juazeiro e Petrolina para o pagamento em dinheiro dos R$ 600 para quem perdeu a fonte de renda por causa do novo coronavírus. A REDEGN mostrou um cenário de desolação e angústia.
O texto destacou o sentimento das Marias, Anas, Socorros, Chico, João, Antônios e Severinos, os mesmos da poesia de João Cabral de Melo Neto, autor do livro Vida e Morte Severina, o Severino é um entre muitos outros, que tem o mesmo nome e o mesmo destino trágico do sertão: morrer de emboscada antes dos vinte anos, de velhice e de fome um pouco a cada dia.
A desigualdade social e a necessidade de comprar alimentos é a justificativa para os qu se expõem nas filas. Alguns enfrentam a fila desde o dia anterior. As filas são nas agências da Caixa e lotéricas.
Nas imediações da Caixa de Petrolina e Juazeiro, o cenário parece ser uma guerra. Guerra para vencer o tempo, a fila e o vírus. Homens, mulheres usam máscaras. Olhar de medo. ”Eu preciso comprar alimento, já não tem mais nada em casa. Antes eu tinha um ganha pão, sou trabalhador. Tenho filhos”, diz meu constrangido Francisco.
Em 1º de setembro, foi anunciada a prorrogação do auxílio emergencial até dezembro, com quatro parcelas adicionais de R$ 300. O benefício chegou a 29 milhões de domicílios em outubro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19) mensal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em Juazeiro e Petrolina e todas as cidades brasileiras filas têm sido constantes com pessoas que precisavam sacar a parcela final do benefício. Neste último mês de pagamento, os beneficiários do programa recebem até o dia 29. Na despedida do recebimento do valor, as pessoas de baixa renda que estão desempregadas ou são microempreendedores individuais, contribuintes da Previdência Social e trabalhadores informais lamentam o fim do programa e não sabem como vão se virar no próximo ano. Os rostos da desesperança começam a circular em busca de outra alternativa de sobrevivência.
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