*Edmerson dos Santos Reis
Estamos prestes a fechar um ciclo muito pesado da história da humanidade, o ciclo do ano de 2020. Nesse ano, a Pandemia do COVID-19 assolou todo os continentes da terra e nos tirou do lugar comum, nos colocando em uma prova terrível.
Em alguns casos, com menos intensidade, em outros, de forma mais devastadora, Mas nos alertando sempre, que a morte é sempre algo marcante e que não pode ser tratada com desdém, indiferença, principalmente, quando percebemos que em todos os casos, algo fica muito evidenciado, o estado não conseguiu investir o suficiente para cuidar da saúde do seu povo, pois se isso tivesse acontecido, muitas vidas teriam sido poupadas, ainda que assim, as dores dos que viram os seus entes queridos partirem não se tornassem menos intensa.
Jorge Larrosa em seu texto "Notas sobre a experiência e o saber de experiência'', publicado na Revista Brasileira de Educação em 2002, n. 19, p. 20-28, nos diz o seguinte: "[...]A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca[...] Mas a experiência, enquanto possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar os outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço".
Que tenhamos sido tocados por tudo isso que se passa! Se nestes tempos tão pesados não nos reinventarmos enquanto humanidade, enquanto gente, enquanto educadores/as, não apenas ao nosso modo de fazer educação, mediação tecnológica, mas no campo das subjetividades e do lidar com as intersubjetividades humanas, não terá valido de nada o nosso isolamento, o nosso sacrifício, pois as dores do outro precisam ser consideradas, uma vez que a aprendizagem não mais se processará da mesma forma por um longo tempo.
Os problemas contraídos nesse período, as dores marcantes das perdas de entes queridos, a falta do encontro, a saudade que leva muitos ao encontro da depressão e outros males que assolam a cabeça não ficam fora da sala de aula, mesmo que elas sejam virtuais, numa bolsinha pendurada, que depois pegamos ao sair da sala e levamos conosco.
Todos somos atingidos com essa problemática mundial e precisamos cair na real, se não contribuirmos para barrar o vírus, se não entendermos a importância da ciência na produção de antídotos que possam combater este mal, a humanidade será devastada ou subitamente diminuída pela nossa incompetência e ignorância em não entendermos que o vírus é letal, ou mesmo por acreditar nas baboseiras ditas por governantes inomináveis e inconsequentes, que não se preocupam com a dor do outro, que tanto faz morrer 1 ou morrer 1 milhão.
Que as confraternizações de final de ano possam nos servir de reflexão, de tomada de atitude em defesa da vida! Que em 2021 não venhamos a sofrer tanto, apesar dos cenários anunciados, mas que somente com a atitude em favor da vida poderemos rever os prognósticos.
Que em 2021 possamos ser outros humanos renovados pela experiência tão cruel vivenciada pela humanidade!
Por Edmerson dos santos Reis – UNEB/PPGESA/EDUCERE/RESAB
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