Por 80 votos a 0, o diretório nacional do PSB decidiu nesta sexta-feira (11) orientar sua bancada a não apoiar a candidatura do deputado Arthur Lira (PP-AL) ou de qualquer nome respaldado pelo governo Jair Bolsonaro à presidência da Câmara dos Deputados.
O partido realizou reunião virtual com a participação de mais de 100 membros. A resolução que orienta a bancada a não apoiar candidatos que representem o Palácio do Planalto foi aprovada por unanimidade pelos presentes na hora da votação.
O PSB citou especificamente Lira como exemplo de candidato governista à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando da Câmara, mas ressalvou que a orientação valeria para qualquer outro nome apoiado pelo presidente Bolsonaro.
Apesar da resolução, a orientação não impede que um deputado dê um voto pessoal em Lira. Caso isso aconteça, não há nenhum tipo de punição prevista, por não se tratar de fechamento de questão e pelo fato de o voto ser secreto.
“A principal contradição que vivemos hoje no país é entre a democracia e o autoritarismo”, afirmou Carlos Siqueira, presidente do PSB.
Para o líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), a decisão do partido não poderia ser diferente. “Partido de oposição não pode apoiar candidato do governo. É preciso preservar a independência da Câmara e proteger o Brasil de Bolsonaro”, afirmou.
Também nesta sexta, o diretório nacional do PT decidiu não emitir opinião sobre a disputa e afirmou que vai buscar construir unidade com os partidos de oposição na eleição da Câmara e do Senado.
O partido diz que buscará compromisso “com uma agenda mínima contra retrocessos no campo dos direitos e da pauta econômica para o país” e “cumprimento da proporcionalidade entre os partidos” na mesa diretora, nas comissões nas Casas do Congresso e nas relatorias das matérias legislativas.
Segundo o PT, a Comissão Executiva Nacional será convocada com as bancadas “quando houver necessidade de deliberação sobre o tema”.
A decisão do PSB ocorre em um contexto em que tanto Maia quanto Lira buscam o apoio da oposição para vencer as eleições marcadas para 1º de fevereiro de 2021.
As articulações se intensificaram nesta semana depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) impedir que Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), concorram à reeleição.
O grupo de Maia ainda não anunciou um nome, mas se ancora num bloco formado por seis partidos (PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV). Integrantes dessa ala já reclamam da indefinição e citam divergências internas.
Lira lançou sua candidatura na última quarta (9). Ele é líder do PP na Câmara e também do centrão —grupo de partidos que se aproximou do governo Bolsonaro após a liberação de cargos e emendas.
Além do PP, a campanha de Lira afirma ter votos de PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS e Patriota. Esse bloco soma cerca de 170 deputados.
A oposição, cobiçada por Lira e Maia, tem cerca de 130 votos. Por ora, PDT e PC do B estão divididos e podem dar votos ao candidato do PP.
O voto é secreto. Por isso, a adesão de partidos a blocos não significa a garantia de votos. São necessários 257 do total de 513 para eleger quem comandará os deputados pelos próximos dois anos.
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