Há 5 anos, com exclusividade para a REDEGN, o médico legista George Sanguinetti escreveu um texto refletindo os anos e o tempo com a ausência de provas com relação ao crime da menina Beatriz. Até hoje ninguém foi preso. A cada segundo, minutos e meses Lúcia Mota e Sandro, pais da menina Beatriz pedem Justiça. A União e o Estado que deveriam proporcionar segurança e respostas silenciam. No Brasil cerca de 5 mil crianças são assinadas por ano de forma violenta.
O Caso Beatriz é um exempo até o momento de impunidade e injustiça.
Sanguinetti acusa "o comando da Segurança Pública de Pernambuco pelas entrevistas coletivas conflitantes, substituição de delegados e nada de concreto surgiu em tanto tempo". A menita Beatriz foi assassinada no dia 10 de dezembro 2015, com 42 facadas, durante uma festa no Colégio Maria Auxiliadora, em Petrolina. Até o momento ninguém foi preso.
A revista Carta Capital definiu Sanguinetti numa vida proporcional à compulsão pela polêmica, a ponto de muitas vezes a sua contratação ser confundida com táticas diversionistas de advogados de defesa. Desde o controverso laudo sobre a morte de PC Farias, em 1996, é personagem em casos rumorosos. Todavia, de um ponto ninguém duvida: é Sanguinetti um dos mais experientes médicos legistas da atualidade.
O texto continua atual. "Quanto mais o tempo passa mais a verdade se esconde". Confira:
"O corpo foi encontrado em sala do Colégio tradicional católico de Petrolina; local isolado da festa de confraternização por Formatura. Inúmeros golpes de faca, vestes embebidas em sangue. Na área não coberta do corpo, cortes, ferimentos, com predomínio da ação cortante, nos membros superiores, região cervical (pescoço), membros inferiores. Na face manchas sanguíneas coaguladas não permitem descrever as áreas atingidas. Os golpes desferidos foram aleatórios, sem metodologia ou ordenamento, o que inviabiliza a hipótese de utilização de ritual de magia negra.
A violência dos ferimentos, ódio ou insanidade. Uma criança atacada com tamanha sanha assassina. Por que? Por quem? E em espaço de tempo tão curto.
A menor Beatriz estava com os familiares, em determinado momento dirige-se ao bebedouro; já não mais é vista. Conduzida para o local onde seria sacrificada por alguém que conhecia bem as dependências do Colégio e que contou com ajuda de cúmplice para vigiar quanto a possibilidade da aproximação de pessoas. Quase duas mil pessoas no local. Pais, professores , alunos, convidados; a solenidade seguindo seu curso. Quem poderia imaginar que ocorreria tamanha selvageria com uma menor. Por que? Por quem?
Notando que Beatriz não regressou, os pais iniciam uma busca frenética. Chamam, chamam, mas não há resposta. Até o corpo ser encontrado. Pessoas presentes, que faziam parte da busca ou atraídos pela movimentação anormal, entram no local do crime. Fotografam utilizando i-fone, celular, caminham, superpõem pegadas, como foi antes da chegada da Perícia, tornou o local “ não preservado, inidôneo ou violado”.
Sempre há um prejuízo. Recebi doze fotografias, tiradas antes da chegada da Perícia. Analisei, ampliei, utilizei técnicas de fotografias forenses e passei a acompanhar o caso, inclusive por ser crime hediondo, me ofereci a Polícia de Petrolina para ajudar, sem custos, nem mesmo de passagens, hospedagem, etc. Não fui aceito. Tentei via Ministério Público, não logrei êxito. Com as fotografias do corpo no local, observei manchas de sangue por escorrimento, manchas por contato e manchas por impregnação. Também uma pegada, que pelo local ter sido violado, a esclarecer se de uma das pessoas que adentraram a sala, ou do executor.
Pensei se não desejam ajuda é porque estão desvendando o crime. Começaram entrevistas coletivas conflitantes, substituição de delegados; nada de concreto surgiu em tanto tempo.
Para dar uma satisfação, atribui-se a autoria a uma imagem de vídeo, divulgada quase dois anos após, de pessoa que estaria frente ao Colégio e que também foi vista no interior, durante a confraternização. Sem prova técnica, nexo de causalidade, arma do crime, indícios que coloque alguém no local da morte onde houve o homicídio, não há realidade jurídica.
Lamento, mas a investigação encontra-se sem rumo. Insisti que retorne ao início, que verifique os vestígios do local, que me permita acesso a parte técnica, aos laudos periciais, como o necroscópico, o levantamento de local. Darei respostas e como o caso está sob sigilo de Justiça, não irei divulgar juízo de valor, sobre o que foi feito ou deixou de ser feito. Aplicarei meus conhecimentos para evitar a impunidade. Eu represento, pelo tempo decorrido, a única possibilidade de esclarecimento. É desabafo ao que poderia ter sido feito".
George Sanguinetti-médico legista
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