A questão da mobilidade urbana sem dúvida é um dos desafios mais complexos que estarão à espera dos novos prefeitos e prefeitas em busca de saídas. Como resolver a situação de empresas que, em pleno contrato de concessão, apresentam grave desequilíbrio econômico, com receitas muito distantes das despesas que precisam honrar?
É possível redefinir contratos diante da queda acentuada do número de passageiros, situação em muito piorada devido à pandemia de Covid-19? Como proceder para garantir segurança aos que não têm outra opção, e garantir transporte público de boa qualidade? Isso é possível?
A maioria da população usuária do transporte público já não tem tempo de ouvir as respostas, querem solução e uma solução contada em casa hora do dia sacrificado dentro dos ônibus, geralmente lotados e atrasados.
De todas as promessas apresentadas durante as campanhas, uma das que têm mais condições de ajudar os futuros prefeitos a cumprirem esse desafio são as que
têm, como tema, a mobilidade urbana. A mobilidade urbana está diretamente relacionada à qualidade de vida das pessoas. Basta imaginar viver em uma cidade onde, deslocar-se por ela, seja algo fácil, agradável e a um preço acessível. Tudo é muito lindo de se imaginar. Mas a realidade, quase sempre, é outra.
Pedro Corrêa, consultor em programas de trânsito avalia que o item mais dissonante do trânsito têm sido o uso das motocicletas, notadamente nos centros urbanos. "Fatalidades não param de crescer e lideram o ranking nacional das principais causas de mortes no nosso trânsito. A pandemia deste ano trouxe novos atores para as motos, os desempregados, atingidos pela Covid 19, que, como era de se esperar, chegaram sem habilidade e sem habilitação para dirigir".
Seguno Correa pesquisas mostram dúvidas e esperanças em relação ao transporte público brasileiro a partir de 2021. "São como nuvens densas cobrindo o país nesta área: podem anunciar as chuvas que faltaram este ano em várias regiões, mas que podem ao mesmo tempo aumentar os problemas que já tínhamos. O tempo dirá".
A reportagem da REDEGN nos últimos anos possui em seus arquivos dezenas de denúncias, queixas, insatisfação contro o serviço de transporte público e as condições e mobilidade atualmente existente em Juazeiro e Petrolina. Todos os dias no horário de pico "pessoas se aglomeram, fazem filas em busca de um espaço para entrar no transporte público" nos bairros mais periféricos de Juazeiro e Petroina.
Assistimos a população "mostrar a bomba relógio" para os prefeitos que terão de buscar meios de conseguir melhorar a situação dos transportes públicos e das vias, o que inclui calçadas, ciclovias, veículos, corredores de ônibus, transporte escolar. O assunto é complexo pois até "Projeto de implantação de teleférico e linha de trem já esteve na pauta dos guias eleitorais".
Em 2013, também primeiro ano de mandato de prefeitos, o reajuste de passagens de ônibus foi o estopim para a onda de protestos que combaliu a popularidade da classe política e criou o caldo de cultura para o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) dois anos
depois.
O provável aumento de tarifas deve acontecer no início de 2021 num momento em que os brasileiros estarão com o orçamento apertado pelo fim do auxílio emergencial, desemprego recorde e inflação em alta. Em 2021, o aumento de casos e de internações em meio à pandemia deve ser um entrave a mobilizações massivas como as de 2013, avaliam analistas políticos.
"Todos os dias é essa bomba relógio que explode. Transporte público completamente desmoralizado em Juazeiro e Petrolina. Esperamos melhoras pois somos nós os mais pobres que sofremos", diz o desempregado Francisco de Assis Fernandes.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.