A COVID-19 trouxe ao mundo impactos violentos, em todos os aspectos. Gerou o isolamento social, fazendo surgir decretos de autoridades constituídas, no sentido de que pessoas ficassem em casa, isoladas e só saírem por extrema necessidade.
Esse ponto ocasionou danos profundos nas pessoas. É que com o prolongamento da pandemia, o isolamento foi ampliado e, com isso, começaram a surgir efeitos emocionais que, por sua vez, passaram a interferir na convivência das famílias, acarretando brigas de casais, angústias em idosos, afetação do dia a dia das crianças, enfim, trancados dentro de casa, a vida teve que ser remodelada abruptamente, ocorrendo uma mudança sentida por todos.
Cresceram, na verdade, as depressões, isto em todas as idades, mas principalmente nos mais velhos, que diante da solidão, afastados, muitas vezes dos filhos e netos, passaram a sofrer mais ainda, emergindo uma sensação de abandono e de falta de perspectiva de vida.
Os filhos, por sua vez, não podem ficar todo tempo com seus idosos, face o risco de com o contato pessoal conduzirem a COVID-19 e transmitir assim, aos seus pais ou avós a maldita enfermidade.
Tempo difícil, estranho, de solidão e de impactante desilusão.
Por um tempo o comércio parou, só funcionava setores essenciais, como aqueles ligados a área de alimentos, como o setor agropecuário, os supermercados, padarias, como também dos setores de peças de automóveis, isto para suprir as necessidades, principalmente, dos caminhoneiros que bravamente atravessaram o país para não faltar alimentos na mesa do povo.
Mas setores outros como de turismo, restaurantes, bares, eventos, e de transporte foram afetados gravemente, vindo muitos a quebrarem, fechando as portas. Muitos se socorreram da forma on-line, através de vendas pela internet, por aplicativos e redes sociais. Setores como táxi e uber também sofreram com a queda de movimento. Já os motoboys ganharam reforço, pois foram muito solicitados para entrega de remédios, feiras, lanches, bebidas, almoços e jantares.
Um outro aspecto nos chamou atenção. É que a COVID-19 também trouxe outro efeito, ou seja, àqueles que tiveram a COVID-19, principalmente, no seu modo mais agressivo, como o meu caso, tiveram a oportunidade de conhecer os verdadeiros amigos. Sim, aqueles que chegaram juntos para ajudar, seja financeiramente, ou mesmo, com apoio de correntes de orações, emocional, de carinho, não só ao paciente, mas também aos seus familiares.
No meu caso vi que muitos são amigos, e, os poucos falsos amigos se revelaram. É a velha história, são nos momentos de dificuldade que conhecemos os verdadeiros.
De outro lado, senti na pele e ouvi de outros pacientes que também estiveram em estado grave da doença, que relaram que após a negativação da COVID-19, de vencer esse vírus, já na fase de reabilitação, perceberam que muitas pessoas passaram a evitar o contato, como se nós fôssemos leprosos, mesmo já curados e usando das precauções necessárias, como a máscara, o uso de álcool e o distanciamento necessário.
Natural esse medo presente em muitas pessoas, pois diante do desconhecido, compreensível esse comportamento, pois o temor de ser acometido pela COVID-19, fazia-se impedimento da aproximação e o contato.
Mas presenciei outros que se arriscaram e resolveram chegar perto de nós e com lágrimas, pessoalmente, nos cumprimentaram e nos proporcionaram carinho e força para a continuação da luta até a reabilitação total.
A vida é assim, e deve ser respeitada a posição de cada um. O importante é que Deus nos conceda uma vacina capaz de tranquilizar e trazer saúde e paz para a humanidade.
*Onaldo Queiroga -Juiz João Pessoa Paraíba
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