Infectologistas falam em Janeiro Negro, se não houver restrições nas festas de fim de ano

06 de Dec / 2020 às 07h12 | Coronavírus

Infectologistas brasileiros, entrevistados por UOL, acreditam que a falta de sintonia entre as autoridades, acerca das restrições neste final de ano, poderá resultar em aumento de infecções e um janeiro com muitas complicações no Brasil.

Em que pese alguns estados já começarem a anunciar restrições, o silêncio a nível federal pode, na avaliação desses infectologistas, trazer graves problemas de superlotação em unidades de saúde por conta do Covid-19.

"Há diferentes posições entre estados, municípios e União. Tem governador que mandou cancelar evento, mas tem prefeito querendo fazer, enquanto o presidente trata a doença como “gripezinha”, disse o infectologista Valdez Ramalho Madruga, da Sociedade Brasileira de Infectologia. 

Para os infectologistas a atitude de apoiadores do governo Bolsonaro, resistentes a ideia de restringir aglomerações, pode influenciar movimentos contrários, como o que já circula nas redes sociais, com a hashtag #VaiTerNatalSim. 

Países que tem forte tradição natalina já estão adotando medidas mais rígidas, a exemplo da Itália, que restringiu movimentações entre 21 de dezembro e 6 de janeiro, com antecipação da Missa do Galo e proibição de deslocamentos depois das 22h e viagens entre as regiões do país.

Na Bahia o governador Rui Costa anunciou medidas restritivas, que inclui a proibição de shows e festas de Natal e Réveillon. São São Paulo também vai restringir festas e eventos do tipo, a exeplo de  Belo Horizonte, onde a prefeitura proibiu o consumo de bebida alcoólica em bares, restaurantes e lanchonetes a partir do dia 7 de dezembro. No Rio Grande do Sul também estão suspensas as festas de fim de ano.

Para a infectologista Eliana Bicudo, "Falta postura, uma liderança. Não vai dar certo se cada estado fizer do seu jeito. A segunda onda já chegou. Estou falando como médica que cuida de paciente com covid-19. Cheguei a ter calmaria em outubro e novembro, e agora um boom de novo, como em junho e julho. Precisamos centralizar as diretrizes para que os estados as cumpram. O governo federal tem de se posicionar quanto às festas, ou teremos um janeiro negro. A saúde pública, a vigilância sanitária e governos têm de se posicionar ou não vamos segurar a situação em janeiro”, alertou.

Quem contesta as medidas restritivas lembra que a poucos dias, políticos que hoje defendem a restrição, estavam aglomerando em comícios, passeatas e carreatas. 

Alguns empresários do setor em Juazeiro e Petrolina, trabalhadores, incluindo músicos, tem se manifestado contrário ao lookdown festivo de fim de ano, defendendo restrições, fiscalização rigorosa, mas sem impedir que eles trabalhem no período que mais gera shows. 

Da redação redeGN / Com informações do UOL

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