Infectologistas brasileiros, entrevistados por UOL, acreditam que a falta de sintonia entre as autoridades, acerca das restrições neste final de ano, poderá resultar em aumento de infecções e um janeiro com muitas complicações no Brasil.
Em que pese alguns estados já começarem a anunciar restrições, o silêncio a nível federal pode, na avaliação desses infectologistas, trazer graves problemas de superlotação em unidades de saúde por conta do Covid-19.
"Há diferentes posições entre estados, municípios e União. Tem governador que mandou cancelar evento, mas tem prefeito querendo fazer, enquanto o presidente trata a doença como “gripezinha”, disse o infectologista Valdez Ramalho Madruga, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Para os infectologistas a atitude de apoiadores do governo Bolsonaro, resistentes a ideia de restringir aglomerações, pode influenciar movimentos contrários, como o que já circula nas redes sociais, com a hashtag #VaiTerNatalSim.
Países que tem forte tradição natalina já estão adotando medidas mais rígidas, a exemplo da Itália, que restringiu movimentações entre 21 de dezembro e 6 de janeiro, com antecipação da Missa do Galo e proibição de deslocamentos depois das 22h e viagens entre as regiões do país.
Na Bahia o governador Rui Costa anunciou medidas restritivas, que inclui a proibição de shows e festas de Natal e Réveillon. São São Paulo também vai restringir festas e eventos do tipo, a exeplo de Belo Horizonte, onde a prefeitura proibiu o consumo de bebida alcoólica em bares, restaurantes e lanchonetes a partir do dia 7 de dezembro. No Rio Grande do Sul também estão suspensas as festas de fim de ano.
Para a infectologista Eliana Bicudo, "Falta postura, uma liderança. Não vai dar certo se cada estado fizer do seu jeito. A segunda onda já chegou. Estou falando como médica que cuida de paciente com covid-19. Cheguei a ter calmaria em outubro e novembro, e agora um boom de novo, como em junho e julho. Precisamos centralizar as diretrizes para que os estados as cumpram. O governo federal tem de se posicionar quanto às festas, ou teremos um janeiro negro. A saúde pública, a vigilância sanitária e governos têm de se posicionar ou não vamos segurar a situação em janeiro”, alertou.
Quem contesta as medidas restritivas lembra que a poucos dias, políticos que hoje defendem a restrição, estavam aglomerando em comícios, passeatas e carreatas.
Alguns empresários do setor em Juazeiro e Petrolina, trabalhadores, incluindo músicos, tem se manifestado contrário ao lookdown festivo de fim de ano, defendendo restrições, fiscalização rigorosa, mas sem impedir que eles trabalhem no período que mais gera shows.
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