O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar duramente as urnas eletrônicas, defendeu o voto impresso e, sem citar nomes, ironizou a ideia do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de liberar o voto por smartphones no futuro. "Tem gente que nunca entrou na casa dos mais humildes", afirmou.
As declarações foram dadas em meio a quase 30 minutos de entrevista dada a jornalistas após votar na Escola Municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar, zona oeste do Rio. O tom das falas variou: às vezes, parecia falar como presidente de fato, mas outras vezes adotava tom de candidatura.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, vota na Escola Municipal Rosa da Fonseca, no bairro da Vila Militar, na zona norte do Rio. © Wilton Júnior/ Estadão O presidente da República, Jair Bolsonaro, vota na Escola Municipal Rosa da Fonseca, no bairro da Vila Militar, na zona norte do Rio.
"Eu, como presidente da República, quero voto impresso já", afirmou Bolsonaro, para quem essa é uma decisão do Executivo em acordo com o Legislativo. "Eu ganhei em 2018 só porque tinha muito mais votos", completou, sem apresentar provas. "E digo mais: a apuração tem de ser pública, e não feita por meia dúzia de pessoas. O TSE tem a obrigação de entregar os boletos de urna."
O presidente também ironizou a ideia de o voto, no futuro, poder ser dado via smartphones. "Alguns falam em voto por telefone. Tem gente que nunca entrou na casa de mais humildes", comentou. "Seria mais complicado porque em locais tomados por violência... teriam de votar pelos indicados pela 'autoridade' local."
Embora tenha vencido a eleição de 2018, o presidente em diversas ocasiões afirmou que houve fraude na votação. Em viagem aos Estados Unidos em março, ele chegou a dizer que tinha provas de que tinha vencido no primeiro turno. Ele, no entanto, jamais apresentou a comprovação.
Em setembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é inconstitucional a adoção do voto impresso, ao concluir que a medida viola o sigilo e a liberdade do voto. O voto impresso era uma das exigências previstas na minirreforma eleitoral, sancionada com vetos, em 2015, pela presidente cassada Dilma Rousseff (PT). Em novembro daquele ano, o Congresso derrubou o veto de Dilma ao voto impresso - ao todo, 368 deputados e 56 senadores votaram a favor da impressão, proposta apresentada pelo então deputado federal Jair Bolsonaro.
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