A agente de fiscalização Adriana Alves Dutra, que presenciou a morte de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, na última quinta-feira, no estacionamento do supermercado Carrefour na Zona Norte de Porto Alegre, foi presa esta terça-feira, segundo informações da Polícia Civil obtidas pela Rádio Gaúcha.
Adriana apresentou-se no Palácio da Polícia acompanhada por seu advogado. Ela filmou os vigilantes Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva espancarem João Alberto até a morte. Nas imagens obtidas pelos investigadores, tambem aparece com um rádio na mão e ameaçando "queimar na loja" um motoboy, ao ver que ele gravava a cena.
Adriana, a mulher que aparece de blusa branca nas imagens gravadas, disse à polícia que estava no setor de bazar quando foi chamada para atender uma situação de atrito entre um cliente (João Alberto) e uma funcionária — que é fiscal de caixa e aparece vestida de preto nas imagens.
No depoimento, Adriana diz que um cliente, que ela soube ser policial militar, já tentava apaziguar a situação. Mas, na verdade, essa pessoa que Adriana chamou de cliente era o policial militar temporário Geovane Gaspar da Silva, segurança da Vector, contratada pelo Carrefour.
Disse à polícia, também, que João Alberto empurrou uma senhora dentro da loja. O circuito de imagens, no entanto, mostra apenas o cliente abordando, mas sem encostar, uma vigia de preto próximo a um dos caixas, e que se distancia conforma ele se aproxima.
Outro trecho evidencia mais incoerências no testemunho de Adriana:
"Que a depoente fez a solicitação para chamar a Brigada, pelo rádio, e ligou para o Samu, quando viu sangue, e que a vítima havia desmaiado. Que a vítima proferia xingamentos durante a contenção, mas não ouviu a mesma pedir ajuda. Que a depoente pediu várias vezes aos rapazes que largassem a vítima"
Adriana também afirmou aos fiscais que não ouviu a vítima pedir ajuda, embora as gravações mostrem que ele gritou diversas vezes, inclusive pedindo ajuda à mulher, Milena Borges Alves, que foi empurrada por um dos vigias ao tentar socorrer o marido.
O Samu só foi acionado após os fiscais constatarem que João Alberto morreu asfixiado. O atendimento, segundo testemunhas, teria demorado quase uma hora até chegar ao Carrefour.
Magno e Giovane foram presos em flagrante e cumprem prisão preventiva. Nesta segunda-feira, a delegada responsável pelo caso, Roberta Bertoldo, anunciou que, além dos vigias, cinco pessoas eram investigadas por omissão de socorro. Seus nomes, porém, não foram revelados.
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