A próxima eleição de 15/11/2020 estará marcada por características bem diferenciadas das demais, devido às restrições impostas pelos protocolos do COVID-19. Estamos vivenciando uma diversidade que, queira Deus, não venha a estimular o crescimento da tragédia viral, a qual nos trouxe o triste título de segundo colocado na totalização mundial de vidas perdidas, ou seja, já superando a impressionante marca de 160 mil brasileiros mortos!
Mesmo com a morte ainda rondando silenciosa por aí, o que se tem observado pelas redes sociais, é que o cenário de paixões eleitoreiras não se modificou e, assim, continua com igual intensidade, independente de estarmos sob a influência dolorosa de uma nova realidade. As fotos e vídeos que divulgam as carreatas e aglomerações em torno dos candidatos, exibem um incompreensível estado de completa cegueira, visto que as motivações políticas estão superando as preocupações com a vida.
Estamos diante de uma conjuntura repleta de particularidades inquietantes. De um lado, num grau de elevada valorização está a eleição como o componente principal do Sistema Democrático, porque enseja e robustece o direito da livre escolha pelos cidadãos, das lideranças por eles desejadas para o comando dos seus Municípios; do outro, está a necessidade de preservar a vida e pugnar por afastar os perigos da ampliação do vírus no país.
O que mais deve surpreender à grande massa nesse instante e, acredito, perturba até mesmo os renomados analistas políticos, é ver que em meio a esse universo de tensões de toda ordem, existe um ringue político em que se digladiam as duas maiores autoridades do Poder Executivo Nacional: o Presidente da República e o Governador de S. Paulo, o maior Estado da Federação! Quando era de se esperar espírito de humanidade na busca das soluções adequadas para o combate ao vírus, politizaram a crise em função de ambos serem concorrentes no pleito de 2022. Em outras palavras, o infeliz jogo do poder sempre sacrificando os mais inocentes.
No episódio da vacina chinesa Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em reunião do Ministério da Saúde com 24 Governadores, entendo que houve uma atitude precipitada do Ministro da Saúde, General Pazuello, em assumir a compra de 46 milhões de doses da vacina, ainda sem comprovação científica e não liberada, sem consultar o seu superior, o que deveria ter feito.
Mas, não é concebível que o Presidente da República desqualifique e anarquize perante o Brasil e o Mundo, publicamente, o seu, até agora, figurativo Ministro da Saúde, com expressões pouco elegantes, e visível descontrole emocional, com o objetivo de atingir, de forma indireta, o seu oponente João Dória. Respeitar a hierarquia superior é da formação do General, mas é inaceitável ter assumido uma postura de fraqueza e humilhação.
Imagino que o silêncio dos seus companheiros militares da equipe de governo, bem como dos Generais da ativa do honrado Exército Brasileiro, dá a dimensão exata de como a disciplina militar foi atingida no seu cerne! Eu tomaria a honrosa porta da rua como saída, e nunca mais apareceria na frente de alguém tão inábil na gestão do relacionamento interpessoal, e sem qualquer noção de respeito à dignidade dos cargos da sua equipe. Aliás, sobrou até para o seu Vice-Presidente Hamilton Mourão, após este afirmar que: "Essa questão da vacina é briga política com o Doria. O governo vai comprar a vacina, lógico que vai”. Sabendo da intempestividade do seu ex-capitão, poderia ter evitado o troco: “A caneta Bic é minha”.
Nos principais países europeus houve um breve relaxamento nas medidas de restrição, diante da perspectiva de que tudo estava sob controle com o COVID-19. Não durou muito e as medidas voltaram a ser adotadas, visto a constatação de que o vírus ainda registra presença incontestável.
No Brasil muito se falou no possível adiamento das eleições, o que não se concretizou. Assim, nos próximos dias todo o país vai viver o conflito errôneo das prioridades, ou seja, ENTRE O VOTO E O VÍRUS. Que haja uma relação de paz nessa convivência, é o desejo de todos!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador - BA.
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