O secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, afirmou que há dificuldade em reduzir os casos de covid-19 no interior da Bahia e que prefeitos de algumas cidades estão se recusando a fazer testes de covid-19 temendo que isso traga um aumento de casos confirmados e tenha efeitos políticos. Ele não citou cidades específicas.
"Vários, dezenas de municípios estão se recusando a testar a população, com medo de aparecerem casos e isso ter impacto eleitoral. Isso é extremamente grave. Estamos ficando no pé. Estamos oferecendo uma capacidade de 5000 exames por dia no Lacen e estamos processando menos da metade. Isso porque os municípios ativamente estão procurando colocar para debaixo do tapete os casos que estão acontecendo", afirmou ele, em entrevista à TV Bahia. "Precisamos da parceria dos municípios e em alguns casos não estamos conseguindo", acrescentou.
Procurado, o titular da pasta preferiu não expor em que municípios tem encontrado esse tipo de resistência. A reportagem também procurou a União dos Municípios da Bahia (UPB), que garantiu repassar aos municípios todas as informações sobre decretos e recomendações das autoridades sanitárias. O órgão não tinha conhecimento das denúncias e disse não acompanhar o caso, uma vez que não atua como fiscalizador.
As eleições municipais acontecem em novembro e a campanha eleitoral tem gerado aglomerações pelo interior. "Estamos recebendo pedidos de socorro de secretários de dezenas de municípios do interior no estado. Tenho recebido vídeos de aglomerações eleitorais, caminhadas misturadas com carreatas, pessoas sem máscara, bebendo latinha de cerveja, pulando atrás de minitrios. Isso é algo sistemático que está acontecendo no interior", disse. Ele citou a reunião que fez na secretaria para elaborar uma recomendação para que a Justiça Eleitoral proíba comícios e caminhadas políticas.
O secretário fez um apelo para que a população se atente para as regras a serem seguidas nesse momento. "Nós, como sociedade, na Bahia, fomos muito eficiente no processo de fechamento, no 'Fique em Casa'. Fizemos bem e demos exemplo para o Brasil e para o mundo. Mas não estamos conseguindo fazer a flexibilização da forma que tem que ser feita. Precisamos voltar à vida quase normal, mas isso precisa ser feita com regras, seguindo protocolos, caso contrário vamos ter que voltar ao que aconteceu seis meses atrás", disse.
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