O que mais tem se revelado nos últimos tempos no cenário político, são encontros e desencontros entre autoridades de relevo nacional, integrantes dos Três Poderes da República. Por conta de palavras lançadas ao vento, em desabafos intempestivos e precipitados, a população vem assistindo de camarote a querelas de vários matizes, seja entre a Presidência da República e o STF, ou entre Ministros e Presidentes da Câmara e do Senado, como o ocorrido no início da última semana entre Rodrigo Maia e Paulo Guedes. Como agora tudo é explicito, o bate-boca muitas vezes é até ouvido do lado de cá, longe dos gabinetes de S. Excias.!
A curta durabilidade das altercações orais, contudo, tem revelado a todo o Brasil que alguns episódios mais se parecem com jogadas estratégicas bem articuladas ou armações convenientemente montadas, cuja ira aparente logo é superada com um precioso “guisado de bode”. Assim, a plebe ignara sorri feliz pela superação temporária dos conflitos, e passa a valorizar o poder milagroso operado pelo nosso bode sertanejo, principalmente os oriundos deste querido sertão baiano, agora elevados à nobre missão pacificadora da política nacional. Quem sabe não virá por aí alguma honrosa Comenda aos caprinos...!
No vasto manancial de motivos inspiradores desses atritos, está presente a natural discussão sobre as questões que envolvem as várias propostas de Reformas Administrativa e Tributária em poder do Congresso Nacional, além do intrigante debate relativo ao Projeto RENDA CIDADÃ, sobre a tentativa de encontrar os recursos financeiros que possam viabilizar a sua implementação. Resta saber, se no andar da carruagem ocorrerá a incorporação ou a união adúltera com o BOLSA FAMÍLIA, ou mesmo a convivência paralela competitiva de dois grandes programas sociais... Qual a razoabilidade de coexistirem dois Programas em nível nacional? É preciso encontrar, urgentemente, o caminho do equilíbrio e da sensatez nesse complexo debate.
A propósito da incessante busca das fontes de recursos para alimentar o natimorto projeto, comenta-se muito sobre a possível extinção do desconto de 20% sobre a Declaração Simplificada do Imposto de Renda, opção utilizada anualmente por grande parte da população, que agora está ameaçada de perder esse benefício, a fim de gerar capital para o Projeto. É a população da classe média baixa pagando o preço, mais uma vez!
É visível a ascendência negativa exercida pela presença do COVID-19 a prejudicar a normal administração dos muitos problemas nacionais, não só pelos mais de 5,0 milhões de brasileiros infectados, como pela perda acima de 149 mil vidas. Mas, em paralelo a tudo isso, é perceptível que o encaminhamento de todas as soluções desejadas e necessárias nos diversos setores da Saúde, Educação, Economia, Segurança e Políticas Sociais, tem a sutil presença do jogo dos interesses políticos, diante da proximidade das Eleições Municipais em todo o país. É inquestionável a sua importância, uma vez que elas construirão as bases eleitorais desejadas por todos os interessados nas Eleições de 2022, que terá em disputa um amplo universo de cargos, desde a Presidência da República, aos Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais.
Exatamente em função dessa importância do pleito municipal é que tantas propostas lançadas no Senado e na Câmara para possível prorrogação dos atuais mandatos, e consequente postergação das Eleições de 2020, não obtiveram êxito e não avançaram na discussão.
Mas, o “guisado de bode” produziu efeitos tão positivos, que o Ministro Paulo Guedes se empolgou tanto em entrevista na presença do Rodrigo Maia, Presidente da Câmara, e concluiu por exaltar a “vocação reformista da Câmara”! Quem disse isso a ele? Será que foi efeito do “guisado de bode!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador - BA.
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