Petrolina, Casa Nova, Canudos, Curaçá e Sento Sé são destaques em rede nacional: sertão de riquezas culturais e turísticas

03 de Oct / 2020 às 09h00 | Variadas

A música de Sá e Guarabira mais uma vez é trilha para mostrar o sertão e seus contrastes. A seca e a fartura. "O Rio São Francisco lá pra cima da Bahia diz que dia menos dia vai subir bem devagar e passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar..."

Você sabia que existe um mar doce em pleno Sertão da Bahia? O Globo Repórter fez uma viagem cheia de surpresas pela região e revelou encantos de uma terra pouco conhecida pelos brasileiros. O Programa Globo Repórter foi exibido ontem sexta (2) e destacou "os segredos" de um lugar ainda pouco conhecido. Entre mar de água doce, onças e araras.

Um mar de água morna, transparente, que se espalha por mais de 300 quilômetros e até invade a Caatinga. Visto como uma espécie de “Caribe do sertão”, o mar doce fica no município de Casa Nova, norte da Bahia. Quando a barragem de Sobradinho foi construída, há 50 anos, as águas represadas do rio submergiram cidades e vilas, obrigando milhares de sertanejos a deixarem suas terras para viver onde o lago não alcança. Hoje, os poucos que conhecem o recanto escondido lembram à velha profecia: o sertão virou um belíssimo mar.

Localizada no município de Sento Sé, o parque nacional foi criado em abril de 2018 e é um dos últimos refúgios da onça da Caatinga. Essas onças, tanto a parda, como a pintada, são adaptadas fisicamente ao bioma. Nas patas, embaixo, existem mais pelos do que nas patas das onças dos outros lugares, tudo para proteger mais da temperatura do chão quente durante a seca. Não há números exatos, mas a estimativa é de 230 onças vivendo no Boqueirão. A área tem 9 mil quilômetros quadrados e reúne, além das onças, uma rica biodiversidade, espécies do único bioma totalmente brasileiro.

Uma jazida de ametistas se escondia no Nordeste. O garimpo fica bem no pé da Serra do Boqueirão, em Sento Sé. Foi descoberta por acaso: um caçador, procurando tatu em um buraco, acabou encontrando uma pedra de ametista. A notícia logo se espalhou e garimpeiros viajaram de todo canto do Brasil. Hoje, são dezenas de buracos, que vão a 80, 100 metros de profundidade, para conseguir ter acesso às pedras.

Manga, coco, goiaba, uva. tudo em grande quantidade, o ano todo. Há 40 anos, quando os primeiros cachos de uva foram colhidos, a expectativa era vender a produção no Nordeste mesmo. Aos poucos, o mercado se ampliou pelo Brasil inteiro e chegou ao exterior. Hoje, as frutas do vale do São Francisco são consumidas por mais de 90 países. O Sertão irrigado produz cinco milhões de toneladas de frutas por ano e sustenta mais de 200 famílias nordestinas.

Outras preciosidades da Caatinga são joias raras, como a árvore sagrada para o sertanejo: o umbuzeiro. Mesmo nas longas estiagens, ele não perde o verde. E, no verão, chova ou faça sol, sempre tem umbu para comer. 

Em abril, a reportagem da redeGN, mostrou o pioneirismo da professora e empresária Andréa Passos Araújo, moradora de Casa Nova, que sempre foi apaixonada pelo rio São Francisco e as dunas. Andréa revela que o local não era ainda visitado, e tampouco muito conhecido e ela já vislumbrava o potencial turístico do local.

"Temos o privilégio de ter a melhor praia de água doce da região do norte da Bahia e do Vale do São Francisco", afirma Andréa ressaltando a beleza traduzida na mistura de águas cristalinas com a quase misteriosa presença da areia branca das dunas.

Andréa revela que é gratificante observar que quando os turistas chegam para conhecer as dunas, logo, todos ficam admirados com o contraste da vegetação da caatinga junto com um "mar de água doce". "É o nosso oásis do sertão. Sem falar na culinária regional da região comercializada nas barracas. Os passeios de quadriciclo e lanchas, as caminhadas, sol exuberante", diz Andréa.

De acordo com a professora, nas dunas de Casa Nova tudo é atração. Ela destaca a Ilha da Pedra, conhecida como o antigo Serrote da Cidade Velha, que foi inundada pela barragem de Sobradinho e também um ilha deserta de areia conhecida como Paraíso do Sertão.

Andréa faz planos objetivando ações que conservem o meio ambiente e provoquem uma conscientização das riquezas presentes nas dunas de Casa Nova.

"Poucos tem o privilégio de contemplar o rio São Francisco, Velho Chico que sempre merece toda gratidão, respeito e paixão. Este período de pandemia provoca mais ainda o sentimento que é preciso um trabalho de conscientização na preservação do Velho Chico, tanto com os turistas evitando jogar lixo nas margens do rio, quanto de agricultores ribeirinhos para evitar o uso de agrotóxicos no leito. Assim todos evitaram a poluição", finalizou Andréa.

Redação redeGN Fotos Ney Vital

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