Árvores coloridas reforçam a ideia da renovação e da resiliência. Quem não parou para admirar a beleza dos ipês no meio da correria do dia a dia? Tirar aquela tradicional foto ao lado das árvores que colorem Juazeiro e Petrolina virou marca registrada. Alguns colecionam várias fotografias de anos anteriores e não perdem uma floração, outros curtem apenas observar e há aqueles que têm a sorte de contemplar em frente de casa um jardim de ipês.
A primavera de 2020 teve inicio às 10h31min desta terça-feira, 22 de setembro. A reportagem da redeGN flagrou a floração de alguns Ipês, acácia-amarela, em Juazeiro e Petrolina dando sinais da renovação da natureza. É primavera e hoje o dia no sertão nas primeiras horas da madrugada teve tempo nublado.
A tendência agora é de calor, secura e continuidade da estiagem. De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), com a chegada da primavera, há uma mudança no regime de chuvas e temperaturas, marcando o período de transição entre as estações chuvosa e seca. O sertão já se encontra na estação seca, e no final da primavera, começa a pré-estação chuvosa,chuvas do verão.
De acordo com Patrice Oliveira, gerente de meteorologia da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), os próximos três meses são os mais secos do ano.
"Não chove quase nada, principalmente no semiárido, em parte do Agreste e do Sertão. A umidade baixa muito, então nós temos sempre que estar monitorando essa umidade do ar para lançar alertas quando necessário", afirmou em entrevista ao Bom Dia Pernambuco desta terça-feira (22).
Mas nem tudo é aridez. Conforme as fotos aos poucos, os Ipês surgem. Um ponto amarelo aqui e outro ali. Admiradores dos ipês aproveitam para sair às ruas e curtir a floração.
A bióloga e mestre em ecologia Paula Ramos Sicsú explica que os ipês florescem em períodos diferentes. O primeiro a florir é o roxo, seguido do amarelo, do branco e, por último, o rosa. “É normal que eles não floresçam no mesmo período, porque isso é uma vantagem evolutiva, tanto para os polinizadores, que terão comida por mais tempo, quanto para as plantas, que, ao longo da evolução, acharam por bem o espaçamento para que garantissem a produção das estruturas reprodutoras”, destaca.
Segundo Paula, há períodos críticos, também, nos quais algumas espécies podem ser encontradas fora da época. “Às vezes, teremos amarelo ou rosa fora da época, mas, em geral, eles vêm juntos, estão síncronos. A variabilidade é algo natural”, afirma. Para a bióloga, independentemente da cor, o importante é aproveitar a beleza das árvores.
“Particularmente, gosto bastante que cada espécie floresça em um período distinto. Assim, podemos apreciá-los com exclusividade e a beleza se alterna enquanto perdura por mais tempo. Quase como acompanhar de forma particionada a composição de um arco-íris”, completa.
Gildo Jose da Silva, multiplicador da agroecologia, diz que outubro é o auge da florada dos ipês. Os ipês são conhecidos por caibrera (Ipê amarelo) e pau d´arco (Ipê rosa). Os ipês são caducifólias, ou seja, perdem todas as folhas que são substituídas por cachos de flores de cores intensas. São árvores de grande porte que gostam de calor e sol pleno, sendo assim, se explica a grande quantidade de ipês nas regiões de sertão, agreste e Cariri.
Além de belos os ipês são místicos, sendo usada no semiarido para procurar água no subsolo pelos adeptos da radiestesia. “Isso funciona porque todas as pessoas têm a capacidade de perceber, inconscientemente, as radiações do ambiente, como as que são produzidas pela água em movimento. Elas geram impulsos musculares que acabam se refletindo na forquilha”, afirma Sérgio Areia, presidente da Associação Brasileira de Radiestesia (Abrad).
Versos do poeta Patativa do Assaré:
"Aquela árvore pobre e ressecada/ Pelos feios carunchos corroída/ Foi outrora, na luz da sua vida/ Qual rainha do campo, coroada/ É um velho pau-d´arco, e quem da estrada/ O contempla, sente ainda dolorida/ A sua haste parece assim erguida/ A estátua da glória já passada/ Aqui dentro do peito eu também tenho/ Infeliz coração, fiel desenho/ Do pau d´arco daquela soledade/ Com o peso dos anos abatido/ Sem prazer, sem amor e carcomido/ Dos carunchos cruéis de uma saudade".
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